quarta-feira, 16 de julho de 2008

LPN E QUERCUS E O NUCLEAR




Quercus acusa Constâncio de ingenuidade e desconhecimento ao relançar debate sobre o nuclear


A Quercus alega que uma central em Portugal teria uma dimensão que não conseguia ser suportada pela rede eléctrica nacional
A Quercus acusou hoje o governador do Banco de Portugal de "ingenuidade e desconhecimento" ao relançar o debate sobre o nuclear em Portugal, uma vez que os ambientalistas consideram esta opção errada também do ponto de vista financeiro. LPN alerta para risco de “debate inquinado”.

Em declarações no Parlamento, o governador Vítor Constâncio defendeu ontem que "a alteração estrutural dos preços da energia está para ficar e tudo tem de ser discutido, incluindo o nuclear".

Para os ambientalistas da Quercus, "se o problema do país é financeiro, então incluir o nuclear nas questões energéticas é um erro".

"Um dos principais argumentos contra o nuclear é que é muito insustentável do ponto de vista de custos", declarou o dirigente ecologista Francisco Ferreira, apontando o exemplo das "enormes derrapagens" da central nuclear finlandesa.

A Quercus alega ainda que uma central em Portugal teria uma dimensão que não conseguia ser suportada pela rede eléctrica nacional, além dos tradicionais argumentos dos problemas do tratamento dos resíduos gerados pelo nuclear e da questão do risco.

"O debate do nuclear foi feito nos últimos dois anos e extinguiu-se. Muito porque Portugal é o país da Europa onde a população acha que se deve apostar menos no nuclear", referiu Francisco Ferreira.

"Só por ingenuidade sobre o sistema energético ou por desconhecimento das prioridades do ponto de vista de custo é que podem ter sido feitas as declarações do governador do Banco de Portugal", acrescentou.

LPN alerta para debate inquinado

Eugénio Sequeira, presidente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), diz que a questão da energia nuclear pode ser debatida, mas com informações claras e detalhadas e tendo em conta os custos e os impactos para o ambiente.

“O debate é sempre útil, e não faz mal nenhum. Mas é preciso que o debate não esteja inquinado”, disse hoje à rádio TSF.

“Temos de ver a valia de uma solução, qualquer que se faça, face aos custos totais, coisa que nunca se fez. Porque tem que se medir, quer do ponto de vista económico, quer do ponto de vista social, quer do ponto de vista ambiental, do berço à cova”, comentou.

O dirigente defende que se deve incluir no custo de produção de energia eléctrica o “custo da execução da central, o custo total do desfazer dos resíduos finais e quanto é que isso vale em termos de risco ambiental, e o risco para a saúde pública, na sua totalidade”.


Por Lusa, PÚBLICO
Paulo Ricca