terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Energia das Ondas por um canudo

O Estado investiu 1 milhão e 250 mil euros para a construção do Parque de Ondas da Aguçadoura, mas só funcionou... 3 meses


A Central das Ondas do Cachorro, na ilha do Pico foi mais “rápida” apenas funcionou 30 a 40 horas.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

TEMPORAL NA MADEIRA

Raimundo Quintal, geógrafo madeirense, aborda as causas naturais e a responsabilidade humana dos danos ocorridos nos últimos dias em infra-estruturas rodoviárias e balneares, armazéns e habitações.
A visualização destes vídeos é de importância para o cidadão comum e para os nossos políticos, esperando que, para os crentes, o Menino Jesus lhes ilumine as mentes a respeitar as Leis da Natureza.



terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O Fracasso de Copenhaga





Duas visões de mundo se confrontam em Copenhague

Leonardo Boff

Em Copenhaga nas discussões sobre as taxas de redução dos gases produtores de mudanças climáticas, duas visões de mundo se confrontam: a da maioria dos que estão fora da Assembleia, vindo de todas as partes do mundo e a dos poucos que estão dentro dela, representando os 192 estados. Estas visões diferentes são prenhes de consequências, significando, no seu termo, a garantia ou a destruição de um futuro comum.
Os que estão dentro, fundamentalmente, reafirmam o sistema atual de produção e de consumo mesmo sabendo que implica sacrificação da natureza e criação de desigualdades sociais. Crêem que com algumas regulações e controles a máquina pode continuar produzindo crescimento material e ganhos como ocorria antes da crise.
Mas importa denunciar que exatamente este sistema se constitui no principal causador do aquecimento global emitindo 40 bilhões de toneladas anuais de gases poluentes. Tanto o aquecimento global quanto as perturbações da natureza e a injustiça social mundial são tidas como externalidades, vale dizer, realidades não intencionadas e que por isso não entram na contabilidade geral dos estados e das empresas. Finalmente o que conta mesmo é o lucro e um PIB positivo.
Ocorre que estas externalidades se tornaram tão ameaçadoras que estão desestabilizando o sistema-Terra, mostrando a falência do modelo econômico neoliberal e expondo em grave risco o futuro da espécie humana.

Não passa pela cabeça dos representantes dos povos que a alternativa é a troca de modo de produção que implica uma relação de sinergia com a natureza. Reduzir apenas as emissões de carbono mas mantendo a mesma vontade de pilhagem dos recursos é como se colocássemos um pé no pescoço de alguém e lhe disséssemos: quero sua liberdade mas à condição de continuar com o meu pé em seu pescoço.
Precisamos impugnar a filosofia subjacente a esta cosmovisão. Ela desconhece os limites da Terra, afirma que o ser humano é essencialmente egoista e que por isso não pode ser mudado e que pode dispor da natureza como quiser, que a competição é natural e que pela seleção natural os fracos são engolidos pelos mais fortes e que o mercado é o regulador de toda a vida econômica e social.
Em contraposição reafirmamos que o ser humano é essencialmente cooperativo porque é um ser social. Mas faz-se egoísta quando rompe com sua própria essência. Dando centralidade ao egoísmo, como o faz o sistema do capital, torna impossível uma sociedade de rosto humano. Um fato recente o mostra: em 50 anos os pobres receberam de ajuda dois trilhões de dólares enquanto os bancos em um ano receberam 18 trilhões. Não é a competição que constitui a dinâmica central do universo e da vida mas a cooperação de todos com todos. Depois que se descobriram os genes, as bactérias e os vírus, como principais fatores da evolução, não se pode mais sustentar a seleção natural como se fazia antes. Esta serviu de base para o darwinismo social. O mercado entregue à sua lógica interna, opõe todos contra todos e assim dilacera o tecido social. Postulamos uma sociedade com mercado mas não de mercado.
A outra visão dos representantes da sociedade civil mundial sustenta: a situação da Terra e da humanidade é tão grave que somente o princípio de cooperação e uma nova relação de sinergia e de respeito para com a natureza nos poderão salvar. Sem isso vamos para o abismo que cavamos.
Essa cooperação não é uma virtude qualquer. É aquela que outrora nos permitiu deixar para trás o mundo animal e inaugurar o mundo humano. Somos essencialmente seres cooperativos e solidários sem o que nos entredevoramos. Por isso a economia deve dar lugar à ecologia. Ou fazemos esta virada ou Gaia poderá continuar sem nós.
A forma mais imediata de nos salvar é voltar à ética do cuidado, buscando o trabalho sem exploração, a produção sem contaminação, a competência sem arrogância e a solidariedade a partir dos mais fracos. Este é o grande salto que se impõe neste momento. A partir dele Terra e Humanidade podem entrar num acordo que salvará a ambos
*Leonardo Boff é teólogo e escritor.

Fonte: http://blog.forumeducacao.zip.net/

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Contra os brinquedos de guerra


Se gostas de viver…, porquê então, jogar e brincar a matar os outros?

Quando falamos de violência de imediato vem à nossa mente as guerras, mortes, golpes militares, etc, mas há também aquela violência do quotidiano que nos aparece como se fosse normal e que se vai reproduzindo persistentemente.
O autoritarismo, a repressão, a exclusão assim como muitíssimas relações assimétricas resultantes das nossas sociedades machistas, adultocêntricas, homofóbicas e racistas, ilustram suficientemente aquela realidade.
A influência social dissemina-se por via da reprodução e transmissão social para todos os segmentos sociais, mas é nas crianças que ela se exerce com particular força até pela simples razão que aí se estabelece com bastante nitidez uma forte relação vertical.
Também quando os ensinamos a jogar ou a distrair-se não deixa de se exercer aquela influência social que conduz à reprodução social das ideias dominantes.
Desgraçadamente, quando pensamos em dar um brinquedo, o que cuidamos é saber se o seu destinatário irá ou não apreciar, e não nos lembramos que ele serve também para educar. Procuramos, por isso, em oferecer a última novidade tecnológica, o jogo da moda ou então o que estiver mais à mão.
Não prestamos atenção ao papel e função que o jogo ou o brinquedo podem assumir na sociedade e a muitos nem sequer reflectem sobre se aquele concreto brinquedo ( ou jogo) serve ou não para perpetuar um determinado modelo social. Ora se queremos mudar as nossas sociedades importa atender aos brinquedos que compramos para as crianças. É assim que os brinquedos bélicos iniciam a crianças numa atitude militarista inculcando-lhe hábitos e conotações de agressividade e violência. Através dos
brinquedos de guerra está-se a legitimar as instituições agressivas, já para não dizer que através daqueles se garante o contínuo rearmamento das sociedades.
Não é por via dos brinquedos de guerra que as crianças vão entender a realidade social da violência e da guerra. Apenas conseguem apreender estereótipos. E pior que isso, os brinquedos de guerra servem as mais das vezes para deformar e ocultar as verdadeiras causas das guerras e da violência social, ocultando ainda as suas consequências irreparáveis.
A ideia de ver o jogo como um ingrediente importante na formação infantil leva-nos à necessidade de procurar alternativas não violentas onde se promova e relações de cooperação e amizade, num processo mais abrangente que favoreça às crianças e aos jovens a perspectivação das relações sociais numa óptica diferente.
Com efeito, depende de nós todos saber qual é a sociedade que pretendemos.

Através dos brinquedos as crianças vão interiorizando e fazendo como seus os comportamentos sociais e os valores implícitos num jogo ou num brinquedo. Daí que não tenhamos dúvidas ao dizer que os brinquedos bélicos não são neutrais. Por seu intermédio pode ser perpetuado todo um sistema social baseado em modelos comportamentais competitivos, violentos, incentivadores de uma vontade de domínio como um fim em si mesmo. A violência torna-se então o árbitro das relações sociais: é o mais forte que triunfa, que tem sempre razão e a quem cabe o papel do bom da fita.
Os brinquedos bélicos são uma verdadeira iniciação ao modelo militar-machista prevalecente nas nossas sociedades. O rapazito descobre aos poucos que o seu futuro papel de homem é diferenciado do da mulher, procurando por conseguinte identificar-se com as figuras machistas do guerreiro.
Acontece que os brinquedos de guerra cumprem ainda a função de legitimar as instituições militares e repressivas, a cujo processo não é estranho a simplificação da divisão entre bons e maus.
Os videojogos mais não fazem que modernizar este esquema reprodutor de uma forma mais insidiosa e insolente.
Claro que há quem argumente que não se deve ocultar as realidades da violência social e das guerras. E não falta quem considere que os brinquedos bélicos respondem a uma necessidade das crianças em canalizar a sua agressividade.
A tais objecções há que alegar que os brinquedos de guerra, mais que a ajudar as crianças a entender a realidade, o que fazem realmente é ocultar as causas e as consequências daquele fenómeno.
Cabe também perguntar porque é que outras realidades sociais como os suicídios e a prostituição não fazem parte dos inúmeros jogos infantis, sabendo todos que são, ao lado da guerra e da violência social, factos civilizacionais incontornáveis.
Por outro lado, importa frisar que existem brinquedos muito mais adequados para orientar a criatividade natural da criança que não passam forçosamente pelos brinquedos de guerra. A tensão física poderá ser muito melhor compensada com exercícios corporais e outros movimentos.
Recorde-se que os brinquedos devem cumprir duas funções capitais, a saber: serem veículo de expressão da emotividade, imaginação e estado de espírito, e serem instrumento de aprendizagem de um determinado comportamento social. Sendo assim, a agressividade não deve ser eliminada, mas devendo antes garantir a sua livre expressão, através de um desenvolvimento positivo que não se reconduza à violação dos direitos dos outros nem ao seu domínio. Ou seja: a uma agressividade que não se traduza numa violência destrutiva.

A verdadeira razão para o desejo de ter brinquedos de guerra está na publicidade destilada ao jovem ou à criança indefesa.
Está pois nas nossas mãos estimular a posse e o uso dos brinquedos de guerra ou cortar o mal pela raiz, oferecendo brinquedos e jogos que tornem desnecessários objectos que promovam a guerra, a violência social e a dominação de uns sobre os outros.


MEMORANDUM
O Parlamento Europeu aprovou em 13 de Setembro de 1982 uma resolução sobreos brinquedos de guerra, alertando para a problemática


Fonte: http://pimentanegra.blogspot.com/2005/12/contra-os-brinquedos-de-guerra.html

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Associativismo, Política e Protecção Animal


“Amamos mais o lucro que a vida, estamos mais empenhados em salvar o sistema económico-financeiro que a humanidade e a Terra”
Leonardo Boff, teólogo brasileiro

Neste texto, pretende-se dar início a uma reflexão sobre a possibilidade ou não de na sociedade actual, capitalista e neoliberal, haver respeito para com os animais não humanos e tentar encontrar explicações para o facto da questão animal não ser uma causa das associações ambientalistas.

Embora sempre presente no nosso espírito, consideramos que a necessidade da reflexão veio à tona aquando da recente campanha contra a introdução da sorte de varas (e touros de morte), nos Açores. Assim, algumas pessoas aconselhavam-nos a não introduzir, nas nossas posições públicas, argumentos de carácter económico e ou político e outros, ligados ao movimento ambientalista, questionavam a razão de uma ONGA- Organização Não Governamental de Ambiente de âmbito regional estar, entre as pessoas singulares e colectivas, envolvida na mencionada campanha, alegando que a questão dos maus tratos (tortura, no caso em apreço) nada ter a ver com a defesa do ambiente.

O não ou o quase nulo envolvimento da maioria das ONGAS na campanha contra a sorte de varas tem várias razões de que destacamos as seguintes: a quase inactividade de muitas delas, a baixa participação dos associados, a transformação de algumas em extensões dos serviços governamentais, o facto de outras não passarem de prestadoras de serviços e o entendimento de ambiente como uma mera questão de carácter “científico”, a ser tratado, apenas, no âmbito da biologia, da ecologia e da engenharia do ambiente, ignorando o facto dos problemas ambientais serem problemas sociais.

Não sendo a temática do bem-estar animal ou dos direitos dos animais abordada ao longo do currículo escolar de alguns dirigentes associativos e não trazendo a sua abordagem qualquer mais-valia, pensam eles, ao seu curriculum vitae, fica, à partida, excluída das suas preocupações. Por outro lado, apesar das suas declarações de amor ao ecocentrismo, continuam, na prática, agarrados aos velhos valores do antropocentrismo, não atribuindo qualquer valor intrínseco aos animais, a não ser àqueles que consideram que desempenham algum papel importante na manutenção dos ecossistemas.

Sendo o referido o que se passa nas associações ambientais, por que razão houve um silêncio quase absoluto, por parte das associações de defesa dos animais em relação a uma causa que lhes deveria ser muito querida, o não incremento dos maus tratos animais, no caso da campanha mencionada aos touros?

Por algumas das razões apontadas para as ONGAS e pelo facto da maioria dos activistas actuar por amor e compaixão para com os animais e não tendo uma visão global delimitam o seu campo de acção ao estado dos canis municipais e ao bem-estar dos cães e gatos. Outra razão, bastante forte, está relacionada com o facto dos principais dinamizadores das associações de protecção dos animais não possuírem consciência política ou, tendo-a, por uma razão ou outra, não querem perder as migalhas que as suas organizações recebem por parte de políticos e governantes, aos mais diversos níveis, adeptos da tortura animal legalizada.

Por último, será que a promoção dos direitos dos animais pode ter algum sucesso na sociedade actual?

É sabido que o objectivo primeiro do capitalismo é a maximização dos lucros e a socialização dos prejuízos, contando para tal com o imprescindível apoio dos Estados, intitulem-se eles liberais, democratas, populares ou socialistas, escravizando parte dos humanos e desrespeitando os animais.

Com a crise mundial em que estamos mergulhados, tem havido recuos nos direitos sociais e laborais e a democracia consiste apenas em eleger, de vez em quando, quem melhor vai servir os interesses capitalistas, depois de campanhas publicitárias muito semelhantes às de quem pretende vender sabonetes. Mas não são só as pessoas as vítimas, os animais não ficam à margem. Só assim se compreende a vergonhosa tentativa de introduzir touradas picadas (e touros de morte, a seguir) e o aparente sucesso conseguido com a introdução recente de touradas à corda e vacadas na ilha de São Miguel com o único objectivo de tentar salvar a tauromaquia de alguns terceirenses, que é uma indústria em dificuldades que só sobrevive graças a apoios, declarados ou escondidos, de fundos europeus, governamentais e autárquicos.
Mas, nem tudo está perdido, na sociedade açoriana, também, tem havido alguns avanços de que são exemplos, o empenho de muitas pessoas na campanha contra as touradas picadas, o número crescente de colaboradores na campanha SOS- Cagarro e o cada vez maior número de pessoas que trata convenientemente dos seus animais de companhia.
O desrespeito para com os animais merece, de todos nós, uma posição firme de denúncia pública dos prevaricadores e uma profunda reflexão acerca das causas que levam à sua persistência e de como combatê-las.

Para nós, a causa profunda do deplorável estado em que se encontram os animais radica no modelo de sociedade que, para conseguir os seus objectivos, transformou grande parte da humanidade e dos animais em máquinas descartáveis. Daí considerarmos que, embora respeitando todas as motivações, a luta pelos direitos dos animais deverá assumir um carácter assumidamente anti-capitalista.

Mariano Soares

sábado, 12 de dezembro de 2009

12 de Dezembro - Dia de acção global pela Justiça climática: Mudemos de sistema, não de clima!


Hoje, 12 de Dezembro, dezenas de milhares de pessoas vão marchar em Copenhague para exigir acções concretas e efectivas contra as mudanças climáticas. Muit@ s ainda têm esperança que «reunião de cúpula dos líderes mundiais seja capaz de chegar a um acordo que seja bom para o povo e o clima. Mas nós bem sabemos que as negociações não vão resolver a grave crise climática em que estamos metidos.

Na verdade, não estamos mais perto de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa do que no início, quando as negociações começaram há quinze anos: as emissões continuam a aumentar a ritmo acelerado, enquanto o comércio de carbono permite que os criminosos do clima continuam a poluir e a ganhar lucros com isso. Diante da profunda crise da nossa civilização, tudo o que vemos é um circo político a defender os interesses empresariais das grandes corporações capitalistas.

Em resposta a esta loucura, um movimento internacional pela justiça climática tem vindo a reivindicar poder sobre o nosso próprio futuro. Como parte deste, um novo movimento global pela justiça climática surgiu para reivindicar o poder sobre o nosso futuro. Não podemos confiar, em 1º lugar, naqueles que criaram o problema, e que têm grande interesse para diminuir o poder sobre o nosso futuro, nem alimentar a nossa fé nas tecnologias inseguras, insustentáveis e que não oferecem garantias.

Ao contrário daqueles que escolhem o capitalismo 'verde', nós sabemos que no nosso planeta finito é impossível ter um crescimento infinito. Em vez de tentar reparar um sistema destrutivo, devemos:

• Deixar os combustíveis fósseis no subsolo
• Socializar e descentralizar a energia
• Re-localizar a nossa produção de alimentos
• Reconhecer e restaurar a dívida ecológica e climática
• Respeitar os direitos dos povos indígenas
• Regenerar o nosso ecossistema

A única maneira de conseguir isso é não mais estarmos à espera que alguém actue, ou que corrija problemas em outros lugares - pois, devemos e podemos tomar o poder nas nossas próprias mãos e construir um movimento forte, que lute pela justiça climática: um mundo onde as soluções para a crise do clima não sejam pagas pelos que fizeram o mínimo para causar o problema, e que lute por um mundo onde a qualidade vida de alguém não signifique a exploração de outros, e para um mundo com mais tempo para o prazer, a solidariedade e um desenvolvimento mais humano real, enfim, para um futuro brilhante sem o capitalismo.


Juntem-se ao bloco às 13:00 no Slotsplads Christiansborg (Praça do Parlamento), em Copenhague centro para pedir


MUDEMOS DE SISTEMA, NÃO DE CLIMA!


http://www.climate-justice-action.org

http://www.climatecollective.org/

Fonte: http://pimentanegra.blogspot.com/

domingo, 6 de dezembro de 2009

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Cimeira de Copenhaga para continuar os negócios do costume?

Entrevista do "pai" dos alertas para as alterações climáticas ao “The Guardian”

Considera ser o desafio moral do século: a luta contra as alterações climáticas. James Hansen, um dos mais eminentes estudiosos do clima, o homem que alertou para os perigos das alterações climáticas muitos anos antes de Al Gore abrir os olhos ao mundo com o seu documentário “Uma Verdade Inconveniente”, falou ao “The Guardian” nas vésperas da cimeira de Copenhaga. E o que tem a dizer não é agradável. Hansen diz que é preferível que a cimeira redunde em fracasso, dado que o ponto de partida é profundamente defeituoso. Mais valia começar tudo do zero, argumenta.

Peter Andrews/Reuters

Hansen opõe-se veementemente aos esquemas de compra e venda de emissões de CO2 para a atmosfera entre nações.

“Preferia que não acontecesse [um acordo em Copenhaga], se as pessoas aceitarem a cimeira como sendo a ‘via certa’, em vez de a ‘via do desastre’”, indicou Hansen, que dirige o Instituto Goddard para os Estudos Espaciais, da NASA, em Nova Iorque.
O cientista que convenceu o mundo a prestar atenção ao perigo crescente do aquecimento global é muito claro quando diz ao “The Guardian” que seria melhor para o Planeta e para as futuras gerações que a cimeira de Copenhaga acabasse num desastre. James Hansen considera que qualquer acordo que venha a emergir das negociações será tão profundamente defeituoso que mais valia começar tudo de novo a partir do zero.

“Toda a abordagem é tão profundamente errada que é melhor reavaliar a situação. Se isto for uma coisa ao estilo Quioto, então as pessoas irão demorar anos a tentar determinar o que é que aquilo quer dizer exactamente”, criticou Hansen.

Hansen começou a apresentar-se diante do Congresso americano em 1989, alertando para as consequências do aquecimento global, e fez mais do que qualquer outro cientista na educação dos políticos norte-americanos acerca das mudanças climáticas e das suas consequências.

Apesar de se considerar um relutante orador, diz que foi forçado a entrar na esfera pública depois de as catástrofes naturais se terem começado a multiplicar.

Esta entrevista ao “The Guardian” acontece numa altura em que se registaram alguns progressos na cimeira de Copenhaga, com a Índia a anunciar um limite à emissão de CO2 para a atmosfera. Os quatro maiores produtores de gases com efeito de estufa - EUA, China, UE e Índia - já se comprometeram com limites para as emissões, mas ainda há muito a fazer e muitos obstáculos a serem ultrapassados.

Hansen opõe-se veementemente aos esquemas de compra e venda de emissões de CO2 para a atmosfera entre nações. Compara este sistema às indulgências vendidas pelo Clero na Idade Média, quando os fiéis compravam a redenção das suas almas dando dinheiro aos padres. Neste caso os países ricos dão dinheiro aos países pobres em troca de emissões de carbono.

Hansen é igualmente muito crítico das actuações de Barack Obama e de Al Gore, afirmando que estes líderes mundiais falharam aquele que é considerado hoje o desafio moral da nossa era. Porque o problema do corte das emissões de CO2 para a atmosfera não se pode ajustar aos interesses políticos e económicos internacionais. “Neste tipo de assuntos não pode haver compromissos”, avalia. “Não temos um líder que seja capaz de entender o que se passa e que diga o que realmente importa dizer. Em vez disso, estamos todos a tentar continuar com os negócios de sempre”.

Apesar de tudo, Hansen permanece optimista: “Podemos já nos ter comprometido com um aumento do nível do mar em pelo menos um metro - ou mais - mas isso não quer dizer que desistamos. Porque se desistirmos, em vez de um poderemos ter de lidar com dezenas de metros. Por isso acho contraproducente as pessoas dizerem que atingimos um ponto de não retorno e que é demasiado tarde. Nesse caso, em que é que estamos a pensar: vamos abandonar o Planeta? Devemos minimizar os estragos”, vaticinou.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Sol Sorridente Voltou



Saudamos o regresso do Sol Sorridente.

Caso queira receber o número zero deste boletim anti-nuclear, envie-nos um mail.

Abaixo transcrevemos a sua Linha de Rumo.




Esta Nova Série retoma o título e o objetivo de um pequeno boletim fotocopiado e divulgado via correio (então em papel!) a alguns amigos e companheiros, em meados dos anos 1980, bem antes ainda do acidente de 1986 em Chernobil (Ucrânia).

O seu escopo era o de combater as pressões pró-nucleares através da difusão de informação e encorajar as pessoas e grupos que recusam a energia nuclear. O título marcava, em contraposição, o aspeto positivo das energias alternativas suaves, nomeadamente a solar, e adotava igualmente o símbolo do famoso sol sorridente, que agora se retoma. Ou seja, o «não ao nuclear» é a ponte para o «sim» às formas alternativas e descentralizadas de energia de baixo impacto no ambiente. Esta linha de rumo torna-se agora mais necessária que nunca, quando, a pretexto das alterações climáticas – problema real e urgente – se multiplicam as pressões do lóbi pró-nuclear em todo o mundo, incluindo em Portugal.

José Carlos Costa Marques
jcdcm@sapo.pt

domingo, 22 de novembro de 2009

Decrecer es anticapitalista

Conferencia de Carlos Taibo en Málaga




Taibo considera que el decrecimiento debe ser anticapitalista, “no podemos preocuparnos en exclusiva por los dramáticos problemas medioambientales y alejarnos de la contestación económica y social tradicional al capitalismo, que es el causante del problema. Hoy en el norte desarrollado, a principios del siglo XXI, no es imaginable un proyecto anticapitalista que no sea al mismo tiempo un proyecto decrecimentalista, autogestionado y antipatriarcal”.
Fonte: http://www.letra.org/spip/article.php?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

APA- Associação Açoreana de Protecção dos Animais: Estagnação ou Renascimento?



No passado dia 18 de Novembro realizou-se, em Ponta Delgada, uma Assembleia Geral da Associação Açoreana de Protecção dos Animais aberta a outras pessoas interessadas pela protecção dos animais.

Para mim foi uma agradável surpresa pelo facto de como associado não ter tido qualquer notícia da associação há já algum tempo. Positivo é também o facto de a associação, de acordo com os novos estatutos aprovados em assembleia, ter por objecto, não só a defesa e protecção dos animais abandonados e a preocupação com os maus tratos de que aqueles são alvo, mas também “contrariar legalmente todo o género de eventos culturais e desportivos que tenham como objectivo a exploração, o sofrimento e a violação da integridade física dos animais”, embora discorde da redacção já que cultura e desporto são uma coisa e tortura ou mau trato outra bem diferente.

Muitas dúvidas e algum desencanto surgiram no decorrer da reunião, nomeadamente devido à presença de um membro proposto para os órgãos sociais que como deputado foi subscritor de uma proposta que pretendia legalizar, nos Açores, a sorte de varas e à pouca intervenção dos associados presentes. Relativamente à primeira questão houve um esclarecimento e uma inequívoca afirmação por parte da pessoa em causa de que tal não voltará a acontecer e, no que toca ao segundo caso, acho compreensível já que a assembleia referida era a segunda que a associação realizava desde a sua criação em 2002.

Depois da reunião, em conversa com alguns dos presentes não membros, notei algum desapontamento e algum descrédito na capacidade futura da APA para alterar o actual estado associativo e contribuir de modo significativo para alterar as mentalidades que ainda persistem em considerar os animais como coisas e não como seres vivos.

Embora também mantenha algumas reservas, dado do elevado número de presentes não membros da APA e dado o número crescente de pessoas despertas para as questões dos direitos dos animais, a APA tem todas as condições, caso esteja disposta a abrir-se à sociedade, a pautar a sua acção pela independência face aos vários interesses instalados (políticos, económicos ou outros), a procurar parcerias junto de associações que prossigam os mesmos objectivos ou outros afins, a usar a comunicação social como veículo de divulgação das suas actividades e como meio de denunciar todos os atropelos que estão a ser cometidos, doa a quem doer, etc., para renascer e tornar-se numa associação de referência no, infelizmente pobre, panorama do associativismo açoriano.

Teófilo Braga

(texto publicado no Jornal “Correio dos Açores, nº26358, p. 11, de 20 de Novembro de 2009)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nuclear e alterações climáticas:Desmontemos as ideias feitas!


Clima: o que dizem os cientistas?

Segundo a comunidade científica internacional, a subida da temperatura média do globo deve ser mantida abaixo de +2ºC para que se evitem os efeitos mais catastróficos das alterações climáticas. Para isso, é necessário reduzir as emissões mundiais de gases com efeito de estufa em pelo menos 80 por cento até 2050, tomando como referência o ano de 1990. Quanto aos países industrializados, principais emissores de gases com efeito de estufa, deverão chegar a reduzir as suas emissões em 40 por cento logo em 2020!

Uma tecnologia «fora de propósito» e ineficaz
Das emissões mundiais de gases com efeito de estufa, 75 por cento são provenientes de sectores sem qualquer ligação com a produção de electricidade, ou para os quais recorrer à electricidade representa um rendimento particularmente mau: agricultura, exploração florestal, processos industriais, transportes, aquecimento, etc. O nuclear está portanto fora de propósito nessas áreas!

A sua capacidade para reduzir os 25 por cento de emissões restantes é extremamente medíocre. Longe de ser antinuclear, pelo contrário, a Agência Internacional da Energia incentiva, contra tudo o que aconselha a razão, o crescimento contínuo do consumo de energia. No entanto, é ela quem calcula que o nuclear necessitaria de um custo de pelo menos um bilião de euros (10E12) para reduzir em apenas 6 por cento as emissões de CO2 ... contra 54 por cento para as economias de energia renováveis, a um custo muito inferior!

Como são necessários pelo menos 10 anos para construir um único reactor, essa redução irrisória e hipotética só começaria a partir de 2020, ou seja demasiado tarde.

Sim, o nuclear emite gases com efeito de estufa!
A fileira nuclear emite quantidades não desprezíveis de gases com efeito de estufa, ligadas ao ciclo de vida dos reactores (construção, desmantelamento...) e do seu combustível (extracção, transporte, reprocessamento...). Mas, sobretudo, o nuclear não permite recuperar o calor libertado quando da produção de electricidade, ao contrário de outras tecnologias, impondo pois que se produza energia suplementar para as nossas necessidades em calor. Produzir electricidade e calor em cogeração permite emitir 7 vezes menos gases com efeito de estufa do que um sistema energético nuclearizado!

O nuclear: caro... e contraproducente!
Por cada euro investido, o recurso à melhoria da eficiência energética e a determinadas energias renováveis apresenta até 11 vezes melhor desempenho que o nuclear para reduzir os gases com efeito de estufa! [1] Ora, a tecnologia nuclear é um verdadeiro sorvedouro financeiro. Por essa razão, ela entrava o desenvolvimento rápido e maciço das verdadeiras soluções contra as alterações climáticas.

De facto, o nuclear exige investimentos consideráveis em matéria de infra-estruturas e monopoliza enormes subvenções públicas, dois terços das quais provenientes dos orçamentos europeus de pesquisa sobre energia. Os custos futuros do desmantelamento das instalações nucleares e da gestão dos resíduos radioactivos ascenderão a milhares de milhões de euros.

Centrais nucleares vulneráveis às alterações climáticas
Quanto mais calor fizer, menos operacionais ficam os reactores nucleares: a quarta parte do parque nuclear francês teve que parar em 2003 devido à canícula estival! Os acontecimentos climáticos extremos (tempestades, inundações...), cuja frequência está a aumentar, aumentam também o risco de acidentes. Por isso, em 1999, a central de Blayais (Gironda, França) esteve perto da catástrofe devido a uma inundação, e a grande cidade de Bordéus esteve prestes a ser evacuada.

Uma indústria poluente e perigosa
Em funcionamento normal, a fileira nuclear polui as águas e os solos, nomeadamente quando da extracção do minério de urânio, e lança permanentemente radioactividade para o ambiente. Um estudo científico alemão evidenciou um acréscimo de 117 por cento de leucemias infantis até uma distância de 5 km de determinadas centrais. Um acidente importante, sempre possível, contaminaria vastos territórios por milhares de anos – e não existe nenhuma solução para gerir os resíduos nucleares. Por fim, a multiplicação dos reactores nucleares favorece a proliferação das armas atómicas.

Criar mais emprego com outras energias
Em menos de 10 anos, a Alemanha criou cerca de 300 mil empregos no sector das energias renováveis. Em França, as renováveis criaram 51 mil empregos apenas no ano de 2007, apesar do sector dispor de fraco apoio político e financeiro. Para investimento igual, as economias de energia e as energias renováveis criam 15 vezes mais empregos que o nuclear!

As verdadeiras soluções existem, recorramos a elas!
Em matéria de política energética, numerosas medidas pertinentes devem ser concretizadas (eficiência energética, economias de energia, desenvolvimento das energias renováveis...), mas também noutros sectores: luta contra a desflorestação, transição para uma agricultura sustentável, relocalização das actividades económicas... Sem esquecer a redução das emissões de metano, gás que aquece 49 vezes mais que o CO2. A sua recuperação nas lixeiras e aterros, em França, permitiria evitar muito maior quantidade de gases com efeito de estufa do que a construção de 3 reactores EPR (o actual tipo de reactor chamado de terceira geração)!

Numerosos estudos [2] demonstraram que as alternativas energéticas já disponíveis permitiriam simultaneamente lutar eficazmente contra as alterações climáticas e dispensar totalmente a electricidade de origem nuclear... que, hoje, representa apenas 2,4 por cento da energia consumida no mundo!

Notas
[1] O que foi demonstrado em 2008 pelo conhecido Rocky Mountain Institute (EUA).

[2] Virage-Energie (2008), Greenpeace/EREC (2008), Rede «Sortir du Nucléaire» (2007), Institute for Energy and Environmental Research (2007), Les 7 Vents du Cotentin (2006), Négawatt (2006)...

Fonte: http://www.dont-nuke-the-climate.org/spip.php?article423&lang=pt

sábado, 7 de novembro de 2009

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Vacada na Lagoa


São Martinho está associado a castanhas e (bom) vinho. Mas, a partir de agora por mão que não quer dar a cara, passa a estar associado a "vacada".

É caso para dizer, a deseducação, o desrespeito pelos animais continuam à solta na Lagoa. Esperamos que por trás da iniciativa nãoesteja a sombra do seu presidente da Câmara que, pensando na igualdade de género a seguir à tourada promove uma vacada.

José Soares

Fonte: Açores Melhores sem Maus Tratos Animais

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Justiça climática: um imperativo civilizacional


texto de Ricardo Coelho retirado do Ecoblogue

A luta pela justiça ambiental baseia-se na noção de que os problemas sociais e os problemas ambientais estão interligados, reforçando-se mutuamente. Esta luta une indígenas de todo o mundo, comunidades de negros e hispânicos nos EUA, movimentos de agricultores, de sem-terra, de desempregados e precários, em suma, todos os explorados do mundo, no ataque às fundações da degradação ambiental. Superando o discurso politicamente correcto e vazio de conteúdo presente em muitas campanhas promovidas por ONG's fortemente ligadas à indústria, o movimento pela justiça ambiental encontra no capitalismo global a raiz das desigualdades sociais e da destruição do planeta.

A variante mais famosa deste movimento actualmente é a justiça climática. Movimentos agrupados em torno da rede Acção pela Justiça Climática (1) estão a mobilizar-se para denunciar a forma como o Protocolo de Quioto nada fez para resolver o problema do aquecimento global, dado que se baseia em mecanismos de mercado. O mercado de carbono permitiu que os maiores poluidores lucrassem com a especulação bolsista, agravou a exploração neo-colonial dos países mais pobres, legitimou a expansão do uso de combustíveis fósseis e está a abrir a porta para a privatização dos recursos naturais em todo o mundo (2). Qualquer acordo pós-Quioto baseado num mercado de emissões irá conduzir-nos para um mundo devastado pelas alterações climáticas e agravar as desigualdades sociais.

O movimento pela justiça climática nasce, antes do mais, da necessidade de contrariar a ideia de que as alterações climáticas afectam toda a humanidade da mesma forma. Na realidade, os mais pobres serão mais prejudicados pelos problemas ambientais, exactamente por serem pobres. À medida que a água escasseia, os mais ricos do planeta terão sempre acesso a água potável mas os mais pobres terão de percorrer distâncias cada vez maiores para recolher água num poço poluído. À medida que a erosão dos solos avança, os mais ricos encontrarão novas terras para cultivar, enquanto os mais pobres morrem à fome. À medida que o mar ganha terreno sobre a costa, os mais ricos erguem paredões e ganham tempo, enquanto os mais pobres são forçados a mudar de casa.

Tudo isto parece ser consensual. Afinal, o Protocolo de Quioto reconhece o princípio de responsabilidades comuns mas diferenciadas, impondo metas de redução de emissões apenas aos países industrializados. Os líderes globais, como Barack Obama, Gordon Brown, Angela Merkel e Nicholas Sarkozy, reconhecem a necessidade de alcançar um acordo na cimeira de Copenhaga, em Dezembro, que reduza as emissões de gases com efeito de estufa sem prejudicar os mais pobres do planeta. Mas do discurso à prática vai uma grande distância.

Resolver o problema das alterações climáticas implica descarbonizar a sociedade, afrontando os interesses das empresas de combustíveis fósseis. Implica, nomeadamente, investir em transportes públicos, reduzir a utilização do transporte aéreo e marítimo, fechar centrais eléctricas alimentadas com carvão ou gás natural e acabar com a utilização de fertilizantes químicos na agricultura. Implica afrontar o consumismo e o desperdício que reinam nas sociedades ocidentais. Mas nada disto está em cima da mesa nas negociações internacionais.

O que está em cima da mesa então? Está a privatização das florestas mundiais, através da sua inclusão no mercado de carbono (3). Está a promoção de desastres ambientais, como os agro-combustíveis, a energia nuclear ou a captura e armazenamento de carbono. Está a exigência de que países em industrialização, como a China e a Índia, empreendam políticas ambientais que os países industrializados nunca aplicaram.

Neste contexto, a luta pela justiça climática assume uma cada vez maior importância. Apenas com movimentos fortes podemos colocar em cima da mesa de negociações o que realmente interessa discutir: deixar os combustíveis fósseis no subsolo, anular a dívida externa dos países mais pobres, reconhecer o papel das comunidades na gestão sustentável da natureza, respeitar os direitos dos indígenas e dos povos das florestas e colocar os sectores energético e de transporte ao serviço das populações. Daí que o Klima Forum (4), onde se juntarão milhares de activistas de todo o mundo para coordenar acções pela justiça climática, seja tão importante.

Muitas ONG's ainda não incorporaram os princípios da justiça climática no seu discurso e nas suas acções, ou fizeram-no de forma pouco satisfatória. A campanha “Tck Tck Tck”(4), por exemplo, promovida por ONG's como a Greenpeace ou a WWF, lançou uma música pela justiça climática (5), onde participam artistas conhecidos. Mas o site da campanha não só não menciona nenhuma das questões levantadas pelos movimentos pela justiça climática como entra em clara contradição com a causa quando diz que todos serão afectados pelas alterações climáticas (6). Embora reconheçam o falhanço de Quioto, estas ONG's não se demarcam da origem desse falhanço – o facto de se basear em mecanismos de mercado. Caem assim num discurso vazio de conteúdo, que em nada se distingue da hipócrita campanha promovida pelo governo britânico (7), que se pretende posicionar como líder em questões ambientais enquanto promove a expansão do uso de carvão, das auto-estradas e dos aeroportos.

Ao separar o dilema ambiental dos problemas sociais, muitos ambientalistas acabam por alinhar em campanhas que falham o alvo e podem acabar por legitimar falsas soluções para as alterações climáticas. A focalização no discurso científico promovida pelo movimento 350 (8) é um bom exemplo de como uma campanha realizada com a melhor das intenções corre o risco de servir os interesses dos grandes poluidores, na medida em que desvia as atenções do que é realmente relevante. Ao não discutir as origens sociais das alterações climáticas ou as consequências das políticas propostas para as combater, este movimento corre o risco de se tornar tão ineficaz quanto o “Pobreza zero”.

Foi por isso que movimentos de justiça climática responderam ao apelo do movimento 350 criando uma campanha contra o mercado de carbono que contou com a participação de várias ONG's de todo o mundo (9). Esta é uma entre muitas tentativas de politizar a discussão em torno das alterações climáticas, enquadrando a degradação ambiental na globalização capitalista. Toda a nossa solidariedade política deve ir para este tipo de esforços.

1 – http://www.climate-justice-action.org/
2 – Mais sobre o mercado de carbono no site da Carbon Trade Watch (http://www.carbontradewatch.org)
3 – A proposta REDD. Ver
www.ecoblogue.net/index.php?option=com_content&task=view&id=1655&Itemid=41

4 – http://tcktcktck.org /

5 – http://www.youtube.com/watch?v=aBTZOg6l6cA

6 – Ver “What is climate justice?” em http://www.timeforclimatejustice.org/home/whatisclimatejustice

7 – Petição em http://www.actoncopenhagen.decc.gov.uk/en/

8 – Este movimento foi criado em torno do estudo de cientistas da NASA que conclui que a concentração máxima de CO2 suportável pela atmosfera é de 350 partes por milhão (actualmente já ultrapassamos as 385 partes por milhão). Mais detalhes em http://www.350.org

9 – Em http://www.350reasons.org/

domingo, 1 de novembro de 2009

Terra Livre nº 14

TERRA LIVRE nº14.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Campanha SOS- Cagarro e o Ambientalismo de Alcatifa



Em Novembro de 1993, coordenada pelos Amigos dos Açores, teve inicio a campanha "A Escola e o Cagarro", no âmbito da qual foi aplicado um inquérito, sobre a espécie, destinado a alunos das escolas, nomeadamente do 1º e 2º ciclos do ensino básico, e distribuídos 10 mil folhetos.

Foi esta iniciativa, que teve como principal mentor o Eng. Luís Monteiro, do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, que deu origem à actual campanha “SOS- Cagarro”. Esta tem como objectivo principal salvar o maior número possível de cagarros, a ave marinha mais abundante dos Açores, cujo número se encontra em regressão a nível mundial.

Não sendo o cagarro propriedade de ninguém, das entidades oficiais espera-se, apenas, a disponibilização de informação e meios ao cada vez maior número de voluntários que todas as noites, nos meses de Outubro e de Novembro, se disponibilizam para participar nas brigadas que se têm constituído para a recolha de cagarros e sua posterior devolução ao mar.

Para além dos voluntários já referidos, é de louvar o papel de algumas associações ou grupos informais, como os Amigos dos Açores e os Amigos do Calhau, de São Miguel, e o CADEP, de Santa Maria, que têm coordenado o trabalho voluntário e promovido a defesa daquela espécie sobretudo no Grupo Oriental dos Açores.

De igual modo, embora não seja de estranhar, as mais de trinta associações reconhecidas como tal pela Assembleia Legislativa Regional dos Açores mantêm um silêncio absoluto sobre o assunto e têm-se abstido de qualquer participação activa nesta campanha.

Embora respeitemos a pluralidade do denominado movimento ambientalista, não compreendemos a sua descoordenação e muito menos a tentativa periódica, de alguns, de criar estruturas que têm apenas como o objectivo de lá se colocarem com vista a tornarem-se visíveis para posteriores voos.

A obsessão em serem representantes de outros em comissões ou nos variados conselhos consultivos e a fobia em trabalharem no terreno, junto das populações, onde estão localizados os problemas ambientais, que mais não são do que problemas sociais, faz com que eles pertençam a uma tipologia especial: a dos ambientalistas de alcatifa.

T.Braga

(Publicado no Jornal Terra Nostra, nº 429, p.20, 30 de Outubro de 2009)

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

TODOS OS RESTAURANTES DE SANTA MARIA SOB SUSPEITA


A notícia, abaixo, do GACS foi desastrosa já que põe sob suspeita todos os restaurantes de Santa Maria. Enfim, o querer mostrar trabalho feito neste caso vem de algum modo prejudicar gente séria. O mínimo que os restaurantes não implicados poderiam fazer seria exigir que o seu nome não fosse manchado.

Fiscalização detecta comércio ilegal de cagarros

No âmbito da Campanha SOS Cagarro, as Inspecções Regionais do Ambiente e das Actividades Económicas realizaram uma operação conjunta na ilha de Santa Maria tendo como objectivo a fiscalização de estabelecimentos de restauração onde alegadamente se comercializam ilegalmente Cagarros.

Alguns cagarros juvenis são apanhados nas suas colónias de nidificação e vendidos a restaurantes locais que os confeccionam. Estas aves estão protegidas pela Directiva “Aves”, pelo que a sua posse ou comercialização é proibida e punida.

Desta operação conjunta IRA/IRAE resultou a apreensão de cerca de uma dezena de cagarros que se encontravam congelados numa arca frigorífica de um restaurante. Desta apreensão resultou um processo de contra ordenação que está sendo instruído na Inspecção Regional do Ambiente, e cuja coima poderá atingir um máximo de 3740€.

Esta já não é a primeira vez que, como resultado da acção da fiscalizadora, é detectada uma anomalia deste tipo. No dia 24 de Setembro, na Ponta do Cedro, uma equipa do SEPNA – GNR do Posto Territorial de Vila do Porto, identificou um indivíduo em flagrante, na posse de dois cagarros mortos.


GaCS/SF/DRA

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

HUMOR OUTONAL


Quando a esmola é muita até o santo desconfia

Através da página Web da Assembleia Legislativa Regional ficamos a saber que os Açores são uma região em que a chamada sociedade civil não vira a cara às suas responsabilidades, dai contribuir para as discussões públicas e para o voluntariado ambiental de tal modo que somos (ou parecemos) uma região modelo.

A listagem de associações a que foi solicitado parecer sobre uma Proposta de Decreto Leg. Natureza Jurídica e Normas de Funcionamento da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos dos Açores (ERSARA) peca por defeito. Mas, passemos adiante e vamos a um conjunto não exaustivo de questões:

- Por que razão foi contactada a associação “Escravos da Cadeinha” e não a “Maré de Agosto” ?
- Por que razão foi contemplada a APAC- Associação de Proprietários Amigos da Costa e esquecida a Associação da Rocha da Relva?
- Por que motivo lembraram-se do OVGA e esqueceram-se da Associação Afonso de Chaves?
- Por que motivo não foi esquecido o Centro de Jovens Naturalistas e ignorado o CADEP, de Santa Maria?
- Por que motivo foram contactados os Amigos da Maia e esquecidos os Amigos da Lagoa do Fogo?
- Por que razão foi contactado o SOS Costa Norte não o SOS Lagoas já que ambos têm o mesmo estatuto legal?
- Por que razão foi contactada a Associação Jovens "Ser Diferente" e não os Jovens Unidos da Ribeira Seca?
- Por que razão foi contactada a Associação Amigos dos Animais da Graciosa e não as congéneres da ilha Terceira ou do Faial?
- O que levou a ser contactado o Núcleo da Ilha do Pico "Os Montanheiros" e esqueceram-se do de São Miguel?
- O que levou ao contacto com o Clube Náutico da Calheta e ao esquecimento do Clube Naval de Ponta Delgada?

Poderíamos apresentar uma centena de associações ou pseudo-associações que foram ignoradas e que pela sua natureza não foram nem deviam ser contactadas tal como muitas das que constam da listagem da ALRAA a que tivemos acesso e que abaixo apresentamos:


Associação "Escravos da Cadaínha";
Círculo dos Amigos das Furnas;
Associação Ecológica "Amigos do Calhau";
APAC - Associação Proprietários Amigos da Costa;
Quercus - Nucleo Reg. São Miguel;
Observatório Vulcanológico Geotérmico Açores -OVGA;
Centro de Jovens Naturalistas;
Associação "Os Amigos da Maia";
Associação Viver as Furnas;
Assoc. Desenvolvimento Local - Norte Crescente;
SOS Costa Norte;
Associação Jovens "Ser Diferente";
A MATA; 14-10-2009;
Associação Ecológica "Amigos dos Açores";
Quercus - Núcleo Regional da Terceira;
Gê - Questa;
Junta Regional dos Açores C.N.E.;
Núcleo de Ambiente Universidade Açores;
Os Montanheiros;
Ass. Cultural Desportiva e Recreativa da Graciosa;
Associação de Jovens das Flores;
Associação para o Estudo do Ambiente Insular;
Observatório do Ambiente dos Açores;
Associação Amigos dos Animais da Graciosa;
Associação de Amigos da Caldeira de Santo Cristo;
Núcleo da Ilha de S. Jorge "Os Montanheiros";
Ass. Juventude Defesa Patrim Hist Cult de S. Jorge;
Associação dos Amigos da Fajã dos Vimes;
Associação de Desportos Náuticos de Vela - S, jorge;
Clube Náutico da Calheta - S. Jorge;
Associação de Defesa dos Animais "Amigo Animal";
Associação "Os Guardiões";
Associação de Municípios da RAA;
Círculo de Amigos da Ilha do Pico;
Núcleo da Ilha do Pico "Os Montanheiros";
Delegação do Pico da "Quercus"
AZÓRICA; 15-10-2009;
Associação do Clube Europeu da Horta;
OMA - Observatório do Mar dos Açores;
Associação de Amigos de São Lourenço;

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Arroz Transgénico - A Democracia não é de Quatro em Quatro Anos


Diga o que pensa a quem manda!

Ajudar a defender o nosso arroz é simples. Basta:

1. Informar-se!
2. Agir!

Pela primeira vez uma empresa (a alemã Bayer) pretende comercializar arroz transgénico na União Europeia. Até aqui as plantas transgénicas estavam praticamente limitadas às rações animais. Mas agora a engenharia genética chegou directamente ao nosso prato. O que fazer?

1º passo: Informar-se

SABIA QUE...
... o arroz é o alimento mais importante do mundo? Mais de metade da população mundial come arroz todos os dias. E, de entre os europeus, os portugueses são os maiores consumidores de arroz: cada um de nós come em média cerca de 15 quilos por ano!
... a empresa Bayer pretende que a União Europeia aprove até ao final de 2009 a importação e consumo do arroz LL62, um arroz transgénico que é muito diferente do arroz convencional tanto em termos de vitaminas (B5 e E), como em cálcio, ferro e ácidos gordos?
... o arroz transgénico LL62, da empresa Bayer, foi manipulado para se tornar resistente a grandes doses do herbicida glufosinato, também da Bayer? Isso significa que cada bago de arroz transgénico vai ter mais resíduos desse poluente do que qualquer outro tipo de arroz - e o glufosinato foi avaliado como sendo de «alto risco» para o ser humano e outros mamíferos.
... na verdade, esse herbicida glufosinato é tão tóxico que já foi decidida a sua proibição na União Europeia a partir de 2017? Se aprovar o arroz transgénico, a União Europeia estará a dizer: «Não permitimos cá este herbicida, mas não queremos saber se abrimos as portas para este arroz ser produzido noutros países que assim vão ficar poluídos.»
... os resíduos do herbicida não desaparecem quando se coze o arroz?
... a entrada do arroz transgénico na Europa, segundo documentos da própria empresa Bayer, vai levar à contaminação dos campos de cultivo de arroz normal?
... a Bayer não é de confiança? Nos Estados Unidos em 2006 uma das suas variedades de arroz transgénico, apenas autorizado para testes experimentais, contaminou extensas áreas de arroz agulha e o resultado foi um prejuízo superior a 1,2 mil milhões de dólares para toda a indústria arrozeira daquele país. E a Bayer, o que fez? Descartou-se de todas as responsabilidades afirmando simplesmente em tribunal que esse acidente tinha sido «um acto de Deus»!
... esta é uma decisão sem retorno? Não existe cultivo comercial de arroz transgénico em país algum do mundo. A Bayer quer forçar a União Europeia a aprovar a importação do arroz LL62 de modo a depois começar o cultivo em países com legislação mais frágil. A consequências será a contaminação das variedades de arroz um pouco por todo o mundo. E finalmente a União Europeia ver-se-á obrigada a autorizar o cultivo transgénico também por cá, porque – tal como já acontece com outras espécies – as variedades normais de arroz terão ficado irremediavelmente comprometidas.
... nada está perdido? Ainda estão pela frente duas votações em Bruxelas, uma a nível de comité regulador e outra no Conselho de Agricultura, que ainda não têm data marcada. Portugal tem 12 votos e são necessários 91 votos contra para bloquear esta aprovação. Vale a pena mostrar ao ministro de que lado temos de nos colocar, porque a nossa posição pode fazer a diferença na balança europeia!
NOTA: À medida que mais dados forem ficando disponíveis iremos disponibilizá-los nesta página. (Actualizado a Outubro de 2009)

2º passo: Passar à acção

ESCREVA ao Ministro da Agricultura e diga-lhe para votar contra qualquer autorização do arroz transgénico LL62. Os contactos são estes:

Morada: Ministério da Agricultura, Praça do Comércio, 1149-010 LISBOA
Email: gabministro@madrp.gov.pt
Fax: 213 234 604
Pode usar o texto abaixo, ou modificá-lo como entender. Por favor envie-nos cópia do email, carta ou fax para info@stopogm.net

EXEMPLO DE CARTA

Exmo Sr Ministro da Agricultura,
Venho por este meio expressar a minha total oposição à aprovação do arroz transgénico LL62 da Bayer e solicitar que vote contra esse arroz em todas as circunstâncias ao seu alcance. Se fosse aprovado, o arroz LL62 seria o primeiro transgénico em circulação na União Europeia dirigido directamente ao consumo humano. Tornar-se-ia parte da alimentação de todos: pessoas saudáveis e doentes, crianças e adultos, grávidas e idosos. Mesmo que no supermercado - se a rotulagem estivesse a ser cumprida! - fosse possível evitar comprar esse arroz, já não haveria nenhuma escolha em cantinas ou restaurantes. E, com o tempo, a contaminação tornaria cada vez mais difícil produzir e manter arroz normal, livre da presença transgénica. O arroz não transgénico tornar-se-ia uma raridade cara, só para as elites que apreciam o gourmet e o pudessem pagar.
Portugal é o terceiro maior produtor de arroz da União Europeia, e os portugueses comem, por ano, mais arroz do que qualquer outro europeu. Se o arroz transgénico da Bayer for aprovado para o mercado europeu, seremos dos mais afectados. É pois a nossa saúde, economia e cultura que estão em causa.
Senhor Ministro: não há ninguém em Portugal a pedir arroz transgénico - nem a indústria, nem os consumidores, nem os agricultores. Qualquer voto português a favor, ou mesmo uma abstenção, representaria uma vénia a interesses que não são os nossos. Para protecção dos consumidores e do arroz cultivado em Portugal apelo a que o governo assuma as suas responsabilidades e afirme publicamente que fará tudo ao seu alcance para evitar este atentado à nossa alimentação e gastronomia.

Com os melhores cumprimentos,

NOME:_________________________________________________________________

BI:_____________________

[ASSINAR COM NOME COMPLETO E INDICAR O NÚMERO DO BILHETE DE IDENTIDADE]

Fonte: http://www.stopogm.net/

Arroz doce transgénico?

Portugal é o país da Europa que mais come arroz, per capita. Este cereal representa um pilar central na nossa alimentação e cultura gastronómica. E até agora não havia arroz geneticamente modificado em circulação na União Europeia. Mas a paz acabou. Neste momento a Bayer, uma multinacional alemã, pretende importar para toda a União Europeia uma variedade de arroz geneticamente modificado, para consumo humano. Este arroz geneticamente modificado foi manipulado para aguentar elevadas doses de um herbicida que mataria as variedades convencionais. Para evitar que o arroz geneticamente modificado chegue ao prato dos portugueses (e dos europeus), a Transgénicos Fora, Plataforma Portuguesa para uma Agricultura Sustentável, vai lançar uma campanha que visa pressionar o novo ministro da Agricultura a votar contra, em Bruxelas, ao pedido da Bayer. Esta campanha segue-se à que a Greenpeace também lançou, com os mesmos objectivos. Margarida Silva, da Transgénicos Fora, antecipa a campanha, numa conversa gravada na semana passada (por se encontrar nesta altura fora de Portugal).

Ouça a entrevista aqui: http://www.tsf.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1389505

Fonte: http://tsf.sapo.pt/Programas/BlogsMaisCedo.aspx?content_id=1016877&audio_id=1389505

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

PLATAFORMA ANTI-GUERRA, ANTI-NATO (PAGAN)


Constiuída a 30 de Setembro de 2009, a Plataforma Anti-Guerra, Anti-Nato (PAGAN) é um movimento anti-militarista português integrado na campanha internacional «No to War, No to NATO».

Motivada pela circunstância de a próxima cimeira da NATO se realizar em Portugal em finais de 2010, a PAGAN foi criada com o propósito de manifestar pública e pacificamente o desagrado dos cidadãos portugueses com as políticas belicistas da NATO.

A PAGAN pretende também ser um veículo de informação sobre as alternativas anti-militaristas de que todos os cidadãos dispõem de forma a não compactuar com os interesses bélicos da NATO.

Este é um movimento aberto a todos aqueles que pretendam afirmar o seu repúdio pela guerra e pelas instituições que a representam e patrocinam.

Fonte: http://antinatoportugal.wordpress.com/

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Petição Pela abertura das Lagoas Empadadas, Lagoa do Canário e Pinhal da Paz ao Fim de Semana



Quem nunca chegou num dia de fim de semana durante o Outono ou Inverno às Lagoas Empadadas, Lagoa do Canário ou Pinhal da Paz e se deparou com a porta fechada?

Apesar do clima ameno e agradável, após duas semanas do inicio do Outono, as zonas de lazer estão já a encerrar, passando a funcionar apenas à semana e em horário laboral, isto é, quando a generalidade dos seus possíveis utentes, que contribuem com os seus impostos para o funcionamento destes espaços, estão a trabalhar.

Se, como nós, entender que esta situação não é justa e que todos merecemos melhor serviço publico na gestão das referidas matas e florestas de recreio, assine a petição em http://www.peticao.com.pt/abertura-matas-e-florestas

Petição Pela abertura das Lagoas Empadadas, Lagoa do Canário e Pinhal da Paz ao Fim de Semana

Sua Excelência Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada
Sua Excelência Secretário Regional da Agricultura e Florestas

Considerando que as florestas e matas de recreio são áreas lúdicas que proporcionam aos seus utentes momentos de descontracção e de lazer em contacto com a biodiversidade, fomentando a sua qualidade de vida e o seu bem-estar;

Considerando que as florestas e matas de recreio, pela sua riqueza em água e biodiversidade, possibilitam condições propícias à educação ambiental em convívio inter-geracional;

Considerando que a visitação das florestas e matas de recreio constitui um serviço público praticado pelas suas entidades gestoras e que é suportado por todos contribuintes;

Considerando que a ilha de São Miguel possui uma imensurável valia ao nível de florestas e matas de recreio e que estes recursos ambientais devem estar disponíveis à população e visitantes para aproveitamento dos seus tempos livres;

Os signatários da presente petição solicitam a Sua Excelência Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, entidade responsável pela Mata de Recreio da Lagoa do Canário e pela Mata de Recreio das Lagoas Empadadas, e a Sua Excelência Secretário Regional da Agricultura e Florestas, entidade responsável pela gestão das Reserva Florestal de Recreio do Pinhal da Paz, a abertura dos espaços referidos durante os fins de semana durante o Outono e Inverno, com horários que tornem possível o seu usufruto por parte dos cidadãos.

Os Peticionários

Ver Signatários | Assinar Petição

Fonte: http://www.amigosdosacores.pt/

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

WRI - Internacional de Resistentes a la Guerra (IRG)



Fundada en 1921, WRI es una red de organizaciones, grupos e individuos que suscriben la declaración de WRI:
La guerra es un crimen contra la humanidad. Por ello me comprometo a no apoyar ningún tipo de guerra, y a luchar por la eliminación de todas sus causas.
WRI existe con la intención de promover la acción contra la guerra, así como también para apoyar y poner en contacto, a través de todo el mundo, a las personas que se niegan a tomar parte en la guerra o en su preparación. Hoy en día existen más de 70 grupos afiliados a lo largo de 33 países.
Los grupos de WRI se han dado a conocer por su resistencia al servicio militar, a los impuestos de guerra, por sus campañas contra la producción de armas y el mercado de éstas, o trabajando en solidaridad con pacifistas expuestos a situaciones de guerra. Pero también pueden los grupos desarrollar proyectos de reconstrucción física y sicológica durante o después de las guerras, facilitando el diálogo entre grupos en conflicto, o promoviendo el desarrollo a pequeña escala y comunitario.
El "NO a la guerra" de WRI apunta a romper los ciclos de la violencia. Hasta en las situaciones más difíciles insistimos en buscar los recursos disponibles para la acción no-violenta, identificando cómo y con cuáles grupos la acción no violenta podría contribuir reducir la violencia.

http://www.wri-irg.org/es/node/3530

sábado, 3 de outubro de 2009

4 de Outubro- No Dia dos Animais, desafio aos Candidatos e às Candidatas às Câmaras Municipais de São Miguel



Desde 1930, em vários países do mundo, o dia 4 de Outubro é dedicado aos animais. Neste dia, são homenageados os nossos amigos animais que, infelizmente, continuam, ainda hoje, a ser desrespeitados por muitos humanos.

Nós, grupo de cidadãos e cidadãs residentes em São Miguel, neste dia 4 de Outubro de 2009, apelamos, aos futuros autarcas a eleger nas próximas eleições, para que tomem medidas para que num futuro próximo os direitos dos animais sejam devidamente respeitados.

Além disso, embora a questão do bem-estar animal e dos direitos dos animais seja da responsabilidade de toda a sociedade, desafiamos os candidatos e as candidatas às Câmaras Municipais de São Miguel a, publicamente, responderem às seguintes questões:

1- Um dos problemas existentes em alguns concelhos é o do número de animais de companhia (cães e gatos) que são anualmente abandonados. Que medidas irão tomar para reduzir aquele número?

2- Como é do conhecimento público estão longe de ter terminado os maus tratos aos animais. O que pensam fazer para que os seus munícipes passem a melhor respeitar os animais?

3- Como é de todos conhecido as touradas não constituem qualquer tradição a ilha de São Miguel e em nada contribuem para educar os cidadãos e as cidadãs para respeitar os animais, para além de causarem maus tratos aos animais e porem em risco a vida das pessoas. Vão apoiar, com dinheiros públicos, ou promover touradas no seu concelho?

4- Os canis municipais na maior parte dos casos não passam de depósitos de animais. Que actividades pensam fazer para dinamizar o canil e alterar a situação actual?

5- Considerando que as questões do bem-estar animal/ direitos dos animais devem ser resolvidos em conjunto com a comunidade, que pensam fazer para envolver as pessoas do seu concelho?

Ponta Delgada, 4 de Outubro de 2009

António Humberto Serpa
Clara Martins
Cláudia Vieira Tavares
Débora Cabral
Diogo Caetano
Gabriela Mota Vieira
George Hayes
Lúcia Ventura
Marco Cabral
Margarida Benevides
Maria de Lurdes Fontes
Miguel Fontes
Rúben Cabral
Teófilo Soares Braga

Fonte: Blogue "Açores Melhores sem Maus Tratos aos Animais"

Terra Livre nº 13



Já pode ser lido aqui o boletim nº 13,relativo ao mês de Outbro.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

ESTE ANO SALVE UM CAGARRO

Em 1993, iniciou-se a campanha “As Escolas e o Cagarro” coordenada pelos Amigos dos Açores – Associação Ecológica em colaboração com o Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores e com o apoio da Secretaria Regional da Educação e Cultura.

Em 1995, esta iniciativa deu origem à campanha “SOS Cagarro” que decorre até aos dias de hoje, promovida pela Secretaria Regional do Ambiente e do Mar, contando com a colaboração de diversas entidades em todas as ilhas dos Açores, entre elas as associações Amigos dos Açores e os Amigos do Calhau. Em 2008, o dia 1 de Novembro foi proclamado por estas associações como o Dia do Cagarro, ao qual se associou o Clube dos Amigos e Defensores do Património Cultural e Natural de Santa Maria (CADEP-CN).

Os Amigos dos Açores – Associação Ecológica, os Amigos do Calhau e o CADEP-CN pretendem, à semelhança do ano transacto, sensibilizar a população e incentivá-la para a importância a participação pública no salvamento desta espécie protegida.

Actividades principais a desenvolver durante Outubro e Novembro

- Realização de brigadas nocturnas:
1. Praia das Milícias – Atalhada (São Miguel)
2. “Palheiro” da Ribeira Grande – Bandejo (São Miguel)
3. Miradouro da Relva – Feteiras (São Miguel)
4. Avenida Marginal de Ponta Delgada – Santa Clara – Relva (São Miguel)
5. Baía da Praia Formosa (Santa Maria)
6. Baía de São Lourenço (Santa Maria)
7. Maia (Santa Maria)
8. Vila do Porto (Santa Maria)

- Recolha e libertação de cagarros e/ou entrega à Brigada SEPNA da GNR ou aos Vigilantes da Natureza
- Recepção de cagarros recolhidos por populares (sede dos Amigos dos Açores e Ecotecas de Ponta Delgada e Ribeira Grande).
- Sensibilização “porta-a-porta” nas zonas litorais.
- Afixação de cartazes em zonas sensíveis.
- Apoio telefónico (915954294, disponível das 8h às 24h) para esclarecimento de dúvidas e apoio à recolha de cagarros.
- Email para esclarecimento de dúvidas: salveumcagarro@amigosdosacores.pt.
- Registo online das ocorrências de São Miguel e Santa Maria, actualizado diariamente, na página dos Amigos dos Açores.
- Acções de sensibilização com o apoio das Ecotecas de Ribeira Grande e Ponta Delgada.
- Exposição itinerante “Este ano salve um Cagarro”, a iniciar no Centro de Interpretação Ambiental Dalberto Pombo, em Vila do Porto no dia 01 de Outubro.
- Envolvimento de associados, voluntários e outras entidades.



O Cagarro

O cagarro (Calonectris diomedea) é a ave marinha mais abundante dos Açores. Juntam-se em colónias situadas nas falésias costeiras e ilhéus, que chegam a reunir centenas de aves. Os seus cantos nocturnos são muito peculiares, alguns parecidos com o choro humano. É uma das aves mais antigas que existe à superfície da Terra e pertence à família dos Procellariidae. A maior concentração mundial de cagarros ocorre nos Açores, da subespécie C.d. borealis, mas devido a ser muito vulnerável a predadores terrestres e às actividades do homem, esta espécie está em regressão a nível mundial, sendo muito importante garantir a sua protecção.

Os cagarros são aves pelágicas, ou seja, são aves marinhas adaptadas para a vida no alto mar, a coloração da sua plumagem é escura por cima e por baixo é clara, a cauda é preta e a cabeça é cinzenta-acastanhada, as asas e o dorso são castanhos por cima. O bico é amarelo e forte, com a extremidade mais escura, e as patas e pernas são curtas e rosadas. Alimentam-se de peixe, lulas e crustáceos. Podem atingir os 40 anos de idade.

Em Março, depois de passarem alguns meses nos mares do Sul, regressam aos Açores para iniciarem um período reprodutor de oito meses, geralmente no mesmo local do ano anterior. Reproduzem-se em colónias situadas nas falésias costeiras e ilhéus, que chegam a reunir centenas de aves. Mas o cagarro é fiel, cada casal mantém-se, geralmente, para toda a vida. (…)

Os Açores são mundialmente a zona mais importante para o cagarro, que está protegido por leis nacionais e internacionais (Convenção de Berna–Anexo II, Directiva Aves-Anexo I e Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 de Abril). É proibido capturar, deter, ou abater ilegalmente estas aves e destruir ou danificar os seus habitats. (…)
in Revista Vidália nº 22

Procedimentos para salvar um cagarro

Em Outubro ou Novembro os jovens cagarros iniciam a sua migração e orientam-se aparentemente pelas estrelas, mas ao iniciarem o seu primeiro voo, principalmente em noites nubladas, são atraídos e encadeados pelas luzes das povoações e automóveis sendo muitos mortos por colisão e atropelamento.

Outro factor que pode ser perigoso para esta espécie está relacionado com as marés vivas que, aliadas aos ventos frescos, podem fazer com que uma ave excepcionalmente dotada para a vida marinha, possa encontrar no mar, um dos seus obstáculos na sua tentativa de migração.

O que deve fazer se encontrar um cagarro:

• Aproxime-se lentamente do cagarro, usando luvas;
• Com calma e segurança cubra o corpo do cagarro com um casaco, uma manta ou uma toalha;
• Sem o magoar, segure o cagarro pelo pescoço e pela cauda, de forma a envolver todo o seu corpo;
• Coloque-o numa caixa de cartão, com cuidado;
• Mantenha-o na caixa durante a noite, em local tranquilo e escuro;
• Liberte o cagarro na manhã seguinte, junto ao mar, pousando-o com cuidado no chão.
Não se preocupe se a ave levar algum tempo a reagir e a voar para o mar, pois ela continuará a sua viagem quando se sentir preparada.

O que não deve fazer:
• Não se aproxime da ave quando não sabe exactamente como proceder;
• Não segure a ave por uma asa ou por ambas as asas, nem permita que ela abra as asas enquanto a manipula, pois esta ficará cada vez mais agitada;
• Não dê água, alimentos ou medicamentos;
• Não atire a ave ao mar, pois ela não voará imediatamente quando for lançada, podendo ficar incapacitada de voar;
• Nunca force a ave a ir para o mar, ela seguirá a sua viagem quando se sentir em condições.



Contactos

Caso queira participar alguma situação similar, ou mesmo a localização de aves mortas, pode ligar para a brigada SEPNA da GNR através da rede fixa para o nº 296306350 ou móvel nº 961196202 (serviço em Ponta Delgada).
Apoio telefónico dos Amigos dos Açores: 915954294, disponível das 8h às 24h.
Pode, também, ligar para a sede da Associação Amigos dos Açores através do número 296498004 (9h às 17h), para a Ecoteca da Ribeira Grande através do 296473003 (9h às 17h) ou para a Ecoteca de Ponta Delgada através do 296 654 62 (9h às 17h).
Este ano salve um cagarro!


--
Amigos dos Açores - Associação Ecológica

Av. Da Paz, 14, 9600-053 Pico da Pedra
São Miguel, Açores (Portugal)

Tel/Fax (+351) 296 498 004

www.amigosdosacores.pt

sábado, 26 de setembro de 2009

AJUDE A SALVAR CAGARROS



O cagarro é uma ave oceânica que vem a terra apenas durante a época de reprodução. Este período decorre entre Março e Outubro altura em que as crias já suficientemente desenvolvidas partem com os seus progenitores em direcção ao mar, dispersando-se pelo Oceano Atlântico e regressando apenas no próximo ano.

A sua partida realiza-se de noite e muitas delas são atraídas pelas luzes das nossas vilas e cidades, acabando por cair em terra e sendo-lhes neste caso impossível voltar a levantar voo se não forem ajudadas.

Sendo os Açores uma das zonas mais importantes no que respeita à reprodução dos cagarros é muito importante que um máximo de aves seja salva para que o nível populacional da espécie se mantenha.

Se encontrar durante o dia um cagarro devolva-o ao mar. Se o encontrar à noite recolha-o, de preferência numa caixa fechada (de papelão), não tente alimentá-lo e devolva-o ao mar logo na manhã seguinte.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

HORA DE ACORDAR


Foram poucos, esperava-se alguns mais, mas não é com eles ou estão noutras campanhas...

Um bem-haja a quem compareceu. Aos outros dedicamos-lhes o poema, abaixo, de Mário Henrique Leiria.

JS


A Nêspera


Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver o que acontecia .
chegou a Velha
e disse :
olha uma nêspera !
e zás, comeu-a!
É o que acontece
às nêsperas
que ficam
deitadas
caladas
a esperar
o que acontece

Mário Henrique Leiria

Foto: I.R.

sábado, 19 de setembro de 2009

HORA DE ACORDAR




Na próxima segunda-feira realizar-se-ão, em todo o mundo, cerca de 1000 eventos que terão como objectivo exigir aos líderes mundiais um acordo sério para que sejam tomadas medidas para fazer “recuar” o efeito de estufa.

Embora consideremos que nesta questão o que está em causa não são as regras do jogo mas o próprio jogo, é importante a presença de todos nas iniciativas que se vierem a realizar nos Açores.

Todos os interessados em saber mais sobre a iniciativa “Hora de Acordar” poderão consultar o seguinte link: http://www.avaaz.org/po/sept21_hosts/?cl=323320409&v=3972.
Para um melhor esclarecimento sobre o tema, abaixo deixamos um texto do Prof. Delgado Domingues, que retiramos do blogue Bioterra (http://bioterra.blogspot.com/)


Alterações Climáticas: a visão de José J.Delgado Domingos


De acordo com os principais autores do IPCC, não há nada que possamos fazer para reduzir os efeitos das emissões antropogénicas nos próximos 20 ou 30 anos 69 (porque tais efeitos resultarão dos GEE que já se encontram na atmosfera) pelo que o mais urgente é a adaptação às alterações climáticas. Tal não significa descurar a emissão de GEE, mas sim colocar essa redução no contexto das alterações provocadas por um conjunto alargado de actividades humanas que afectam o clima, nomeadamente à escala regional e local, tanto directamente pelas alterações do uso do solo, como indirectamente através dos efeitos no ecossistema. É aí que devem concentrar-se os sempre escassos recursos disponíveis O contrário seria atacar sintomas sem cuidar das causas 70. E as causas são o uso. irracional e desregrado de energia, em particular dos combustíveis fósseis, e um ordenamento do território que ignora princípios básicos da Ecologia, das Ciências Físicas e das Ciências da Saúde. Esta ignorância paga-se com consumos evitáveis de energia e de cuidados médicos. Tornar prioritário o combate às emissões de CO2, invocando catástrofes climáticas sem fundamento científico convincente, é esquecer o contexto mais global. Uma das mais graves consequências deste reducionismo é a promoção de soluções altamente centralizadoras e perversas, de que são exemplo a captura e sequestro do carbono (CCS) 71 e a energia nuclear, qualquer delas defendida em nome das gerações vindouras mas às quais apenas poderia vir a deixar ameaças sob a forma de resíduos 72. Actualmente, nenhuma das bases de dados de referência mostra aumento global da temperatura terrestre desde 1998, ou da camada superior dos oceanos 73. Tal não significa que podemos estar tranquilos, mas sim que é urgente combater as miragens tecnológicas e os desvios perversos que originam, de modo a concentrar esforços e recursos nas tarefas urgentes que a Ciência e a racionalidade económica nos apontam e que são: a) Uma politica energética centrada nos recursos naturais renováveis e na eficiência energética, encarada como estruturante do ordenamento do território e em particular do planeamento urbano 74. b) Uma adaptação à já bem conhecida variabilidade climática, que todos os anos se manifesta sob a forma de cheias e tempestades, provocando mortos e biliões de euros em prejuízos materiais 75. Tendo em conta que (segundo os autores principais do próprio IPCC) não há nada que possamos fazer para reduzir os efeitos das emissões antropogénicas nos próximos 20 ou 30 anos, impõe-se concluir que de nada valerá o custo social e económico desse esforço de redução motivado pelos seus presumidos efeitos a mais de 50 anos de distancia se o mundo que até lá construirmos não for mais justo e habitável à escala global do que hoje o conhecemos. É por isso que se impõe: Dar prioridade aos investimentos que são simultaneamente recomendados pela política energética e pelo combate à degradação do ambiente, e prevenir as consequências da variabilidade climática. Ou seja, enfrentar desde já as certezas sem descurar a eventualidade das incertezas climáticas se virem a manifestar.[Ler todo o artigo, em pdf: http://jddomingos.ist.utl.pt/AlteracoesClimaticas/ALTERACOES-CLIMATICAS-WKS-2008-F-1.pdf]


69 WMO, 2008, Future Climate Change Research and Observations: GCOS, WCRP and IGBP Learning
from the IPCC Fourth Assessment Report, Workshop and Survey Report, GCOS-117, WCRP-127, IGBP
Report No. 58, World Meteorological Organization, (WMO/TD No. 1418), January 2008, Geneva, 68pp ,
p.7
70 Os exemplos mais flagrantes desta atitude são a captura e sequestro do carbono (CCS) e a promoção da
energia nuclear.
71 A queima de carvão é uma das fontes mais importantes de gravíssimas emissões de mercúrio e outros
metais pesados, de poeiras e ainda causadora das chuvas ácidas entre muitos outros efeitos nocivos.
Todavia, o CCS apenas se preocupa com o CO2 ( que não é um poluente), consumindo de 15 a 40% da
energia produzida só para o separar e liquefazer.
72 O CCS (mesmo se fosse solução economicamente viável), exigiria que os biliões de toneladas que
ficariam armazenados nunca se libertassem para a atmosfera nas próximas centenas de anos.
73 Ver Pielke Sr., R.A., 2008: A broader view of the role of humans in the climate system. Physics Today, 61, Vol. 11,54-55., disponivel em http://climatesci.org/ .
74 Tal politica conduzirá, automaticamente, a uma redução decisiva das emissões de CO2 acompanhada de substancial melhoria da qualidade do ar, para além de contribuir significativamente para a criação de emprego qualificado e maior independência energética.
75 Tal adaptação traduz-se, em inúmeros casos, na mera racionalidade de não construir em leitos de cheia, em arribas e zonas instáveis, tanto mais que sabemos da sua enorme vulnerabilidade muito antes de se falar em alterações climáticas.
Quem estiver interessado em conhecer textos pedagógicos e de intervenção pública do Professor José J. Delgado Domingos deverá consultar o seguinte link: http://jddomingos.ist.utl.pt/