terça-feira, 31 de março de 2009

Terra Livre nº 7



O Boletim Terra Livre nº 7, relativo ao mês de Abril, já pode ser lido aqui.

sábado, 28 de março de 2009

Energia nos Açores, falsas soluções?


Realizou-se recentemente o 8º Seminário Regional de Eco-Escolas, onde um dos temas apresentados foi “a Energia Hidroeléctrica nos Açores”, a 2 de Abril realiza-se a II Conferência Transatlântica de Energias Renováveis que de acordo com a comunicação social irá contar com inúmeros oradores vindos do estrangeiro que vão deixar as suas impressões, experiências, ideias e ajudar a perceber qual o caminho correcto para no caso dos Açores, uma maior penetração das energias renováveis.

A abordagem à energia feita nas duas iniciativas mostra-nos que nos Açores não se está a tratar o tema devidamente. Com efeito, o que é necessário é um novo paradigma energético, onde o direito a produzir energia seja de todos os cidadãos e onde, tal como Illich já defendia em 1973, a “questão não é procurar novas fontes de energia, mas, antes de tudo, mudar o seu consumo”.

Abaixo, deixo um texto extraído de Galiza Livre sobre a Energia que nos mostra como as propostas da EU destinam-se a manter o consumismo.

UE promete reduzir 20% as emissões de CO2 para 2020

O último Conselho Europeu da União Europeia serviu ao mediático presidente francês para anunciar um "acordo histórico" na luta contra a mudança climática; um novo fito possível graças a que os anteriores, igualmente "históricos", nunca foram postos em prática, e que deixará passo presumivelmente a outros por vir quando este pnemotécnico 20-20-20 seja tragado pela amnésia do espectáculo.

Os estados europeus comprometem-se a reduzir antes de 2020 as suas emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa em 20%, bem como melhorar a "eficiência energética" noutro 20% e alargar a proporção das energias renováveis até outro 20% do total. Todo isto, garantem, servirá para salvaguardar ainda por um tempinho mais a vida no planeta, enquanto a civilização ocidental prossegue a sua bebedeira insaciável de energia.

Na linha de Kyoto

Como uns estados tão acérrimos do livre mercado se propõem impor às empresas (principais agentes poluentes) as medidas técnicas que permitirão diminuir as emissões? Em boa lógica, recusam a intervenção directa e em lugar disso... abrem um novo mercado, neste caso o mercado da contaminação. Como todo o demais, também o ar limpo fica mercadoria à disposição das multinacionais da energia, de maneira que os estados asseguram-lhes direitos de propriedade e elas, depois, compram-nos e vendem-nos entre si ao preço que lhes pareça oportuno. Estes leiloes foram propostos pelo conhecido protocolo de Kyoto. A novidade aprovada esta manhã no Conselho Europeu consiste em que os direitos de propriedade de partida, que até agora eram assinados “dadivosamente”, passaram a cobrar-se pelos estados com o fim de arrecadar dinheiro para as depauperadas arcas públicas da era da crise, e também, pelos vistos, para apoiar os países do Leste europeu, mais vulneráveis à redução de emissões pela sua dependência do carvão. Algumas excepções são contempladas, no entanto, para esta medida: aquelas das indústrias mais poluentes (e portanto mais afectadas financeiramente pelo novo custo) que ameacem com deslocar as suas fábricas a países exteriores à União poderão receber um subsídio de até 100% do custo de aquisição dos direitos de contaminação.

Para onde seja, mas sempre para diante

Organizações ecologistas como Greenpeace apressaram-se a denunciar o acordo intitulando-o de mascarada, desde que até dois terços da redução se baseia em compra de direitos de emissão a países empobrecidos, além de que não se estabelecem mecanismos de sanção para os estados cujas empresas incumpram o pactuado.

A tentativa de manter o vigente crescimento ilimitado no consumo energético não parece, com 20-20-20 ou sem ele, muito aliciante: pouco importa que a energia provenha do nefasto carvão, dos horrendos aerogeradores ou da temível (e de retorno iminente) fissão nuclear. Além de pernicioso para a comunidade humana, para as culturas, para a subsistência e até para a própria sáude pessoal, o consumo desaforado de energia não encontra nem pode encontrar nunca o seu ponto de saciedade, pede sempre mais até consumir, literalmente, todo o planeta. A locomotiva do capitalismo alimenta-se desse combustível, com que pouco se pode esperar do que a este respeito acordem os seus motoristas em reuniões como a de hoje.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Montanheiros com Núcleo em São Miguel


Aqui fica um extracto de notícia publicada no dia 26 de Março pelo Correio dos Açores:

“Os Montanheiros” estenderam-se depois a outras ilhas, e mais recentemente à ilha de São Miguel com um novo núcleo que tem como presidente João Paulo Constância, como secretário João Carlos Nunes e como tesoureiro Pedro Dias Freire. A associação tem vindo a crescer e a fortalecer-se, sendo que o número de interessados em associar-se tem vindo a intensificar-se sobretudo nas ilhas onde não existiam um núcleo, como era o caso de São Miguel. “À medida que se vão abrindo novos núcleos em outras ilhas é mais fácil para as ilhas em que existia uma lacuna em termos de associação ambiental crescer o interesse da população que fica com vontade de participar e de se associar ao núcleo”, disse Paulo Barcelos.


Comentário

Várias associações de defesa do ambiente dos Açores tentaram, em vão, criar e manter núcleos em ilhas onde não estão sedeadas.

A única que tem "conseguido" é a associação Os Montanheiros, simpática associação espeleológica e nos últimos tempos desportiva que, em rigor, dificilmente pode ser considerada como uma ONGA. Mas isto não é problema nosso mas da Agência Portuguesa para o Ambiente.

Outra questão que importa analisar é o facto do núcleo de São Miguel ser o único que não está associado à gestão de um espaço ou iniciativa governamental (Ecoteca ou Gruta). Assim, sendo o Núcleo de São Miguel será o primeiro verdadeiro núcleo daquela associação. Vamos ver até quando ou se assim continua.

Aguardemos pelas actividades do Núcleo de São Miguel dos Montanheiros para sabermos se estaremos perante uma mais valia para o associativismo ambiental dos Açores, se estaremos em presença de uma cisão nos Amigos dos Açores ou se...

Voltaremos ao assunto.

TB

quinta-feira, 26 de março de 2009

Touradas- Não paremos com os mails à Assembleia Legislativa Regional

Parlamento recebe mails a favor e contra legalização das lides picadas
Regional

Mais de um milhar de e-mails, a favor e contra os espectáculos tauromáquicos com lides picadas, foram enviados nas últimas semanas para os serviços da Assembleia Legislativa dos Açores, revelou hoje fonte parlamentar.
Segundo a mesma fonte, a maioria esmagadora dos ofícios que deu entrada no Parlamento açoriano manifesta-se contra o eventual regresso do tema à Assembleia Regional, na sequência das alterações introduzidas pelo Estatuto Político-Administrativo dos Açores.

O polémico diploma, que foi vetado duas vezes pelo Presidente da República, abre a possibilidade da Região legislar sobre a realização ou não de espectáculos tauromáquicos com lides picadas, também conhecidas como “sorte de varas”.

Um espectáculo proibido em Portugal, mas frequente na vizinha Espanha, onde os toiros nas corridas de praça são picados, na tentativa de revelar a “casta” e a “nobreza” do animal, que apesar da dor continua a investir contra o toureiro.

Os deputados açorianos já tinham tentado há seis anos fazer aprovar no Parlamento um decreto regional a autorizar a realização destas práticas nos espectáculos tauromáquicos das ilhas, mas o diploma foi declarado inconstitucional.

Um tema que regressa agora ao Parlamento, curiosamente não por iniciativa dos deputados, mas por imposição popular, na sequência de uma corrente de opinião contra as lides picadas, que enviou mais de um milhar de e-mails, oriundos de diferentes proveniências, a contestar o possível surgimento de propostas nesse sentido.

Os peticionários alegam que a imagem da Região ficaria “manchada”, em termos turísticos, caso fosse aprovada uma legislação a autorizar os “toiros de morte” no arquipélago.

Em sentido inverso surgiu também, nas últimas semanas, uma outra corrente de opinião, com base na ilha Terceira (onde existem grandes tradições tauromáquicas), a defender o espectáculo da sorte de varas na Região.

Os autores do projecto favorável às lides picadas exigem “o direito constitucional à diferença, mesmo que seja de uma minoria”, e garantem que os Açores ganhariam, em termos turísticos, com um espectáculo como este, que faria atrair às ilhas aficionados de todo o mundo.

Até agora, já deu entrada no servidor da Assembleia mais de uma centena de petições a favor das lides picadas e mais de um milhar contra.

Os serviços estão agora a contactar os autores de todos estes projectos, para que o assunto seja levado à Comissão Parlamentar competente e depois apresentado em plenário.

Fonte: Açoriano Oriental on line, 26 de Março de 2009

quarta-feira, 25 de março de 2009

Paintball na Ribeira Grande


A autarquia ribeiragrandense irá promover nos próximos dois domingos, 22 e 29 de Março, jogos de paintball, a preços bastante atractivos.

A Câmara Municipal da Ribeira Grande irá promover nos próximos dois domingos (22 e 29) no Jardim Paraíso, jogos de paintball, de forma a proporcionar momentos lúdicos dedicados a toda a família, principalmente, aos amantes daquela modalidade.
A iniciativa, promovida pela autarquia, insere-se na “Prim’Arte”, cujos eventos culturais.
Os jogos decorrem entre as 10h00 e as 16h00 dos dias 22 e 29 de Março, sendo todo o equipamento (máscara de protecção, arma ou marcador e “fato macaco”, disponibilizado pela organização. No entanto recomenda-se o uso de roupa “velha” e com alguma resistência, assim como calçado adequado à prática desportiva.
Os participantes terão apenas de comprar as “balas”, por um preço bastante razoável, que é de 3€ para 100 balas, ou 10 € para 500 balas.
A par desta actividade, estará também montado, a partir de sábado, dia 28, a partir das 10h, um tabuleiro gigante de damas, permitindo aos transeuntes ingressarem em partidas daquele jogo, em ponto gigante. O tabuleiro terá a dimensão de quatro metros quadrados.


Texto: JornalDiario, 18/03/2009

Foto: Planisfério das Ilhas

Comentário: Parece-nos (ou temos a certeza) que a Cãmara Municipal da Ribeira Grande à Segunda, Quarta e Sexta protege (ou diz proteger) o "ambiente" e nos restantes dias dá cabo do mesmo. A grande diferença é que nos dias em que destrói os meios humanos e materiais usados são maiores.

O Paraíso não é (deve ser) lugar para Guerras. Todas elas são, no mínimo, sujas.

TB

29 de Março


O Domingo em que as Árvores te esperam.

Onde quer que estejas, onde quer que as nossas irmãs árvores estejam, juntos fazemos um dia melhor.

Encontra uma árvore à tua medida e, com cuidado pelos dois, abraça-a, acarinha-a, sobe-a.

Dos ramos de uma árvore o mundo vê-se diferente, vê-se mais belo.

Vem partilhar esta tarde de festa connosco, reflectir um pouco a nossa integração entre o céu e a terra, entre o cimento e os espaços verdes.

Para saber mais, consulte o blogue Pimenta Negra

segunda-feira, 23 de março de 2009

Transgénicos- Consulta pública B/PT/09/01 sobre os ensaios da Monsanto

Até ao dia 3 de Abril de 2009 às 24h está aberta a consulta pública relativa ao pedido da empresa Monsanto para ensaios de campo com milho transgénico. Os terrenos em causa ficam em Salvaterra de Magos e Évora, mas todos os portugueses podem (e devem) participar. Se não concorda que a Monsanto venha fazer experiências para Portugal, tem à disposição abaixo uma carta tipo que pode enviar depois de modificar como entender - não esquecer de preencher com o nome e número de bilhete de identidade no final do texto. Para mais informações contacte a Plataforma Transgénicos Fora pelo email info@stopogm.net

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Para: cpogm@apambiente.pt
Assunto: Consulta pública B/PT/09/01 sobre os ensaios da Monsanto

Texto:

Venho pela presente apresentar a minha total oposição à realização dos ensaios com milho transgénico NK603 da empresa Monsanto, tanto em Salvaterra de Magos como em Évora.

As razões são muitas, e profundas. Os europeus em geral e os portugueses em particular são maioritariamente contra alimentos transgénicos por sentirem que não são seguros e representam uma alteração irreversível da nossa relação com a alimentação, pelo que não faz sentido permitir testes cujo objectivo é conduzir a mais autorizações para cultivo.

Este milho transgénico que a Monsanto pretende testar e, posteriormente, cultivar, é tolerante ao herbicida glifosato. Isso vai conduzir a uma maior utilização deste químico que, em estudos recentes de Séralini et al. (Arch. Environ. Contam. Toxicol. 53:126-133 (2007); Chem. Res. Toxicol. 22:97-105 (2009)), se verificou ser um desregulador hormonal, para além de induzir directamente a morte celular em células humanas.

O cultivo de variedades resistentes a herbicidas também tem sistematicamente induzido o aparecimento de ervas daninhas resistentes aos mesmos herbicidas. Isto conduz a um círculo vicioso onde se torna necessário aplicar cada vez mais produtos, em misturas cada vez mais potentes, e que leva a agricultura na direcção oposta à sustentabilidade, equilíbrio ecológico, e valor alimentar. Essa não é a agricultura que Portugal precisa ou que os portugueses procuram.

Não se compreende que o Ministério do Ambiente possa autorizar ensaios com fins agronómicos quando a avaliação europeia do ponto de vista da segurança ambiental ainda está a decorrer. Enquanto não houver garantias quanto à sua inocuidade ecológica, este milho não deve ser libertado para qualquer outro objectivo. Aliás, a Directiva 2001/18 sobre libertação de transgénicos determina especificamente que as autorizações só pode acontecer "por etapas", e apenas na medida em que a etapa anterior tenha demonstrado a necessária segurança. Começar com testes para outros fins corresponde a pôr o carro à frente dos bois.

A falta de ciência e de provas no tocante à biossegurança deste milho é ainda mais evidente quando se analisa a notificação em consulta pública. O capítulo sobre o potencial de impacto ambiental, em particular quanto aos outros seres vivos do ecossistema, é notável pela total ausência de referências: não há estudos, não há artigos científicos, não há absolutamente nada. Todas as afirmações que pretendem garantir segurança são feitas com base, ou na intuição, ou na fé. Além disso, a Monsanto assume que a ausência de provas corresponde a prova de ausência de riscos. Mas tudo isso é anti-científico e ilegal. A Monsanto é obrigada a demonstrar inequivocamente a segurança ambiental do NK603, e não o faz. Bastaria esta razão para vincular desde já o Ministério do Ambiente a uma negação da autorização para os ensaios.

Na verdade, a própria consulta pública corre o risco de ser ilegal. De facto, é-me pedido que colabore na avaliação ambiental de uma cultura transgénica que, além do glifosato, vai ser submetida a outros herbicidas - pelo menos alguns dos quais não estão registados em Portugal - mas não é referido quais são esses químicos. Não é pois possível uma análise adequada do real impacto envolvido enquanto não for fornecida a formulação detalhada dos compostos envolvidos: tanto do princípio activo quanto dos adjuvantes. Aguardo assim a divulgação destes dados e solicito que o prazo da consulta seja suspenso enquanto tal não acontecer.

Muitas outras questões se colocam face a este pedido de ensaios. Por exemplo, não está acautelada a coexistência dos campos de NK603 com apicultura e abelhas - as quais nem sequer são referidas na notificação. Conforme está amplamente demonstrado na literatura científica, estes insectos podem recolher pólen a mais de 5 km de distância e transportá-lo para a colmeia. Este depois vai aparecer no mel e em produtos contendo pólen à venda comercialmente. No entanto a autorização em vigor na União Europeia apenas respeita ao consumo dos grãos de milho NK603, e não ao seu pólen, pelo que a realização destes ensaios pode conduzir a ilegalidades incontroláveis. Novamente a única via que resta ao Ministério do Ambiente é a do cancelamento dos ensaios.

Assim, e considerando,
- a oposição generalizada dos consumidores,
- o padrão de insustentabilidade, contaminação de culturas vizinhas, e aparecimento de pragas resistentes e de pragas secundárias que o cultivo de milho transgénico implica,
- a incapacidade da Monsanto de apresentar provas científicas de segurança e de considerar as implicações da inevitável presença das abelhas, e
- a falta de informações indispensáveis a uma correcta avaliação deste programa de ensaios,
conclui-se que o Ministério do Ambiente tem de assumir as suas responsabilidades legais e negar autorização para estes ensaios.

Com os melhores cumprimentos,

[NOME]
[Número do BI]

domingo, 22 de março de 2009

COLHER PARA SEMEAR- Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais



PORQUÊ PRESERVAR VARIEDADES TRADICIONAIS?

A perda da biodiversidade agrícola, em todo o mundo, é da ordem dos 75%,
segundo estudo da FAO em 1984. A situação portuguesa contribui
certamente para este panorama, tendo em conta o número de variedades
desaparecidas nas últimas décadas das nossas hortas e pomares. Poderemos
apontar várias razões para esta situação.

A generalização do uso de sementes híbridas na agricultura contribui
para aumentar a pobreza varietal e também para a dependência dos
agricultores: devido à degeneração e perda natural de vitalidade destas
sementes logo à segunda geração, a sua compra anual torna-se necessária.
O comportamento actual dos agricultores que deixam de colher sementes
das suas culturas, preferindo comprar os lindos pacotes que os cativam
com as fotografias e as promessas de boas colheitas, é outra destas razões.

Por outro lado, a aglutinação das pequenas casas de sementes, geralmente
por parte das multinacionais do ramo, reduziu drasticamente a oferta de
variedades regionais e tradicionais, pois estas não têm qualquer
interesse económico num sistema globalizado. Por essa razão, hoje
cultivam-se as mesmas variedades por todo o mundo, não se adaptando
estas, como é óbvio, a todos os climas, microclimas e tipos de solos
existentes. Consequentemente, necessitam de uma gama enorme de biocidas
para completar o seu ciclo, contribuindo assim para os efeitos
sobejamente conhecidos de poluição a vários níveis, e para a redução da
qualidade alimentar

As variedades que empreenderam uma viagem ao longo de inúmeras gerações
para chegarem até nós, foram cuidadosamente criadas e acompanhadas,
muitas vezes com grandes sacrifícios, pelos nossos antepassados. São a
nossa herança mais preciosa, elas são a vida em forma de semente, são o
nosso passado sem o qual não existiria vida em nós. Cabe-nos portanto
dar continuidade a essa herança que nos foi tão generosamente cedida,
semeando estas variedades, dando-lhes vida e utilidade, podendo assim
ser vistos com orgulho por aqueles que nos antecederam, e também pelas
gerações vindouras.


OBJECTIVOS DA ASSOCIAÇÃO:

- Inverter a situação actual de contínua perda de biodiversidade
genética agrícola, por meio da recolha, cultivo e catalogação das
variedades tradicionais ainda existentes;

- Formar e incentivar os agricultores para a recolha anual das suas
próprias sementes, assim como estimular a sua troca, assegurando-lhes
uma independência e autonomia em termos de sementeiras;

- Contribuir para o conhecimento do nosso património vegetal, promovendo
e participando em colóquios e feiras com exposição de sementes, levando
o tema onde for necessário;

- Promover o uso de variedades tradicionais em agricultura biológica por
estas estarem melhor adaptadas ao local de cultivo e terem menos
problemas fitossanitários;

- Estimular o uso de legumes esquecidos, para uma maior diversidade
alimentar e uma culinária mais rica, atractiva e completa;

- Dar a conhecer aos jovens a herança que nos foi transmitida pelos
nossos antepassados, pois cada semente tem um percurso e uma história
própria;

- Defender a segurança alimentar continuando a semear as nossas
variedades tradicionais de polinização aberta, perfeitamente adaptadas
ao seu meio de origem, em detrimento das práticas actuais que usam as
sementes híbridas e, no pior dos cenários, as sementes transgénicas ou
geneticamente modificadas.

COMO CONTRIBUIR?

Para concretizar estes objectivos, que são do interesse de todos nós, é
necessária a contribuição do maior número de pessoas.
De que modo?

- Através da inscrição como sócio;

- Pela oferta de donativos ou géneros;

- Voluntariado em diversas áreas: parte administrativa, pesquisa e
trabalho de campo, recolha e propagação de sementes, inventariação,
outras áreas relacionadas com as actividades da associação;

- Ser sócio guardião de sementes: comprometendo-se a multiplicar a(s)
variedade(s) que apadrinhar, devolvendo à associação parte da sua
colheita anual, devidamente seleccionada. Este sócio deve ter assistido
previamente a uma oficina de formação sobre recolha, caracterização e
propagação de sementes. O sócio guardião é mencionado no catálogo de
variedades como reprodutor da semente que apadrinhar.


INFORMAÇÕES E CONTACTOS:
Colher Para Semear
Rede Portuguesa
de Variedades Tradicionais

Quinta do Olival, Aguda
3260 Figueiró dos Vinhos

José Miguel Fonseca - 236 622 218
Graça Ribeiro - 91 490 9334

fcteixeira@esb.ucp.pt
gcaldeiraribeiro@gmail.com

Fonte: http://gaia.org.pt/?q=node/417

Nota- foi publicado recentemente o seu boletim nº 12 que pode ser consultado aqui.

sábado, 21 de março de 2009

O Especismo e a evidência científica de sofrimento


Texto de: Hugo Evangelista – Biólogo

Uma das principais razões que tem levado milhões de pessoas em todo o mundo a optar por uma alimentação vegetariana é sem dúvida o respeito pelos animais, ou por outras palavras, o imperativo moral em não promover a exploração e o sofrimento desnecessário inerente à criação de animais para alimentação.

Estes argumentos sentem uma grande resistência na sociedade ocidental em que vivemos, por nela imperar uma filosofia antropocêntrica (por vezes auto-denominada como humanista), que é necessariamente especista por atribuir mais ou menos direitos a um indivíduo consoante a espécie a que este pertence, uma característica tão irrelevante como o sexo ou a cor da pele, e não consoante as características desse indivíduo relacionadas com o seu interesse em ter determinado direito.

O argumento desta visão é o de que o sofrimento dos animais, mesmo não sendo desejável, não é comparável com a complexidade, com as necessidades e interesses dos humanos, pelo que o respeito pelos animais deverá vir sempre no fim das prioridades humanas. Em sua defesa, sempre que são acusados de não reconhecerem a igualdade entre o sofrimento e a vontade de preservação da integridade física entre humanos e animais, acusam os defensores dos animais de usarem argumentos antropomorfistas, ou seja, de transporem características dos humanos para os animais sem qualquer base científica e de bom-senso.

O sofrimento, apesar de ser uma experiência psicológica desagradável, não é um acidente de percurso na evolução das espécies, mas sim uma enorme vantagem evolutiva. Numa situação negativa que provoque uma experiência sensitiva, a entidade capaz de sofrer afasta-se da origem da dor e cria uma memorização, uma catalogação da origem dessa dor, para que numa situação futura semelhante consiga antecipar-se criando uma resposta mais adequada às pressões negativas externas de que é alvo.

É claro que é impossível compreendermos a totalidade da experiência de sofrimento noutros seres da mesma forma que o fazemos em nós mesmos, mas os avanços recentes na biologia, particularmente na etologia (ciência que estuda do comportamento animal e das bases do comportamento humano) e nas neurociências têm, de forma cada vez mais clara, desmistificado a ideia de que as emoções primárias, como interesse de auto-preservação da integridade física, interesse em manter-se livre de qualquer sofrimento físico e psicológico, são distintas entre humanos e restantes animais sencientes.

Para podermos avaliar a existência ou não de dor, devemos dividi-la em vários níveis: i) a nocicepção que é o conjunto de percepções iniciadas nos receptores mecânicos, térmicos e químicos do corpo que são enviadas para o cérebro e resultam numa resposta automática (por exemplo, dos músculos quando nos picamos numa agulha); ii) reacções emocionais negativas como o medo, a ansiedade, a frustração, a depressão ou o sofrimento; iii) mecanismos conscientes de avaliação, antecipação e respostas comportamentais à situação de dor.

Recorrendo ao conhecimento actual, podemos dizer que existem alguns animais que possuem apenas a primeira classe de dor, como as lesmas (Pastor et al. 1996) e insectos (Tracey et al. 2003), por possuírem nociceptores mas sem existir informação – até à data – que indique a presença de outros graus de percepção de dor. Outros animais, como as esponjas do mar ou vários tipos de parasitas microscópicos, não possuem sequer esta característica, uma vez que não possuem qualquer estrutura nervosa diferenciada. Por outro lado, é assumido que todos os vertebrados - peixes, répteis, aves e mamíferos (Sneddon et al. 2003) possuem os três níveis de dor, mesmo que, como no caso dos peixes, o processem de forma diferente da dos humanos (Chandroo et al. 2004).

Para começar os vertebrados possuem um sistema límbico, que é responsável pela origem das emoções básicas como o medo e a ansiedade, e que é essencial para a distinção entre uma situação agradável e uma desagradável. Possui ainda a função de memorização e aprendizagem das relações espaciais onde o animal vive. No caso dos peixes, é o telencéfalo que possui estas funções, uma vez que os peixes não possuem propriamente um sistema límbico diferenciado (Chandroo et al. 2004).
Para além disso, todos os vertebrados possuem uma medula espinal, responsável pela transmissão do sinal enviado pelos nociceptores para o cérebro, e ainda o próprio cérebro, responsável pela centralização e integração dos sinais recebidos, enviando em seguida os estímulos que correspondem à resposta ao estímulo. Um estudo sobre as estruturas do cérebro necessárias à existência de consciência concluiu que um telencéfalo diferenciado e integrado com outras estruturas era essencial, o que existe em todos os vertebrados, mesmo em peixes (Baars 2002).
Outro exemplo é-nos dado pelos estudos realizados por Sneddon et al (2003), que mostram que através do uso de morfina em trutas se obtém uma redução no comportamento de resposta à dor bem como uma alteração do ritmo cardíaco, em condições de estímulos nocivos. Uma vez que os peixes produzem substâncias igualmente capazes de modular a sua percepção de dor este grupo conclui que a relação entre os peixes e os estímulos negativos não são apenas reflexivas mas também emocionais.
Inúmeros estudos comportamentais já mostraram também que todos os vertebrados (incluindo peixes) conseguem aprender a evitar certas situações negativas, mesmo que estas sejam inicialmente positivas, o que significa que conseguem, conscientemente, construir de forma dinâmica projecções mentais de criação de expectativas (Overmier et al. 1990). Outros estudos comportamentais, desta vez em salmões, indicaram claramente a existência de stress psicológico ao medir os níveis de stress numa situação em que se esvaziava ao lentamente o tanque onde estes nadavam, sem nunca chegar a privar os peixes de oxigénio ou comida (Schreck et al. 1995).
Sem querer cansar o leitor com todas as evidências já estudadas, relembro mais uma situação que quase toda a gente já deve ter presenciado. Tal como nos humanos, muitos dos animais que são capazes de fazer um processamento complexo da dor mostram várias alterações comportamentais e psicológicas em situações de stress continuado: diminuição de apetite, inibição de comportamento social, libertação de hormonas de stress, alteração os seus padrões respiratórios e cardiovasculares e exibição movimentos e comportamentos repetitivos e estereotipados (Sneddon et al. 2003). Exemplo disto é o balançar ininterrupto dos elefantes e outras alterações de comportamento observáveis nos animais do circo por serem treinados e castigados até aos limites da sua exaustão física e psicológica.
Estes dados científicos mostram que os animais têm características, interesses e necessidades que vão bem mais longe do que a sua simples reacção ao ambiente.

A argumentação especista, para defender o seu lado, frequentemente coloca ainda cenários de dilema, para nos provar que nessas situações qualquer pessoa escolheria a vida de um ser humano, preterindo a de um animal. É o exemplo dos esquimós que têm de comer peixe, o exercicio da casa a arder em que só podemos salvar o bebé ou o coelho, ou o da ilha deserta onde só estamos lá nós e um carneiro – sem qualquer outro tipo de fonte de alimento.
Mas, embora estes dilemas obriguem qualquer “amigo dos animais” a dar uma resposta embaraçosa (ou dão a impressão que a sua teoria não é consistente ou dão uma resposta diferente daquela que qualquer humano daria), a maneira correcta de abordar estes cenários é que, independentemente daquilo que fizéssemos nestes cenários fictícios, a verdade é que no nosso dia-a-dia não existem verdadeiros dilemas. As nossas opções nunca se resumem apenas entre comer carne ou não comer nada, nem se limitam tão pouco a ficar em casa a olhar para as paredes ou ir a um circo ou a uma tourada para nos divertirmos.

Tendo tudo isto em conta e salientando que do ponto de vista ético não existe qualquer característica relevante nos animais não-humanos sencientes que nos leve a não considerar com igual interesse o seu sofrimento, então é imperativo dar os mesmos direitos básicos e essenciais a humanos e animais não-humanos, tais como o direito a existir livre de sofrimento e a não morrer. Daqui não se conclui que uma vaca deva votar ou um porco deva poder tirar a carta de condução. Estes animais não possuem estes interesses ou capacidades, ao contrário dos humanos.

Assim, a necessidade destes direitos resulta directamente da existência de senciência e não de uma argumentação jurídica (que é definida pelos humanos mas, pelo contrario, não define o comportamento e valores dos humanos, como alguns insistem).

A discriminação especista do sofrimento de uma espécie em relação ao de outra espécie é tão moralmente injustificável como o racismo, a xenofobia ou o sexismo. E tal como nos movimentos sociais que combateram estas discriminações, a luta pelos direitos dos animais tem também de se mostrar unida e plural. E mais importante ainda: não pode ficar indisponibilizada na gestão paternalista da negligência e desrespeito da sociedade pelos animais, mas antes focada na desconstrução das estruturas que vivem da exploração dos animais para acumularem capital e que investem esse capital na exploração de ainda mais animais. Esta luta faz-se primeiro com um boicote individual ao consumo de produtos que incluem sofrimento animal. E em segundo lugar com o trabalho e colaboração em grupos que fazem acções pelos direitos dos animais e pela escolha de estratégias arrojadas que optem pelo ataque inteligente e consequente - onde lhes doer mais - às verdadeiras indústrias de exploração de animais, como os criadores de animais (domésticos e para alimentação), os biotérios, os circos e zoos, ou as empresas tauromáquicas, sendo que a informação do público, através de bancas informativas, promoção de debates ou distribuição de panfletos é uma estratégia obrigatória.

Referências
Baars, B. J. (2002). "The conscious access hypothesis: origins and recent evidence." Trends in Cognitive Sciences 6(1): 47-52.

Chandroo, K. P., Duncan, I. J. H. and Moccia, R. D. (2004). "Can fish suffer?: perspectives on sentience, pain, fear and stress." Applied Animal Behaviour Science 86(3-4): 225-250.

Overmier, J. B. and Hollis, K. L. (1990). "Fish in the think tank: learning, memory and integrated behavior." Neurobiology of Comparative Cognition: 204-236.

Pastor, J., Soria, B. and Belmonte, C. (1996). "Properties of the nociceptive neurons of the leech segmental ganglion." Journal of Neurophysiology 75(6): 2268-2279.

Schreck, C. B., Jonsson, L., Feist, G. and Reno, P. (1995). "Conditioning improves performance of juvenile chinook salmon, Oncorhynchus tshawytscha, to transportation stress." Aquaculture 135(1-3): 99-110.

Sneddon, L. U., Braithwaite, V. A. and Gentle, M. J. (2003). "Do fishes have nociceptors? Evidence for the evolution of a vertebrate sensory system." Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences 270(1520): 1115-1121.

Tracey, W. D., Wilson, R. I., Laurent, G. and Benzer, S. (2003). "painless, a Drosophila Gene Essential for Nociception." Cell 113(2): 261-273.

NO DIA DA ÁRVORE





Largo actual

HORROR
Devagar, devagarinho, foram retirando as árvores. Ninguém abriu a boca.
Até que com o projecto EFTA (?) dão o golpe de misericórdia. Abatem pelo menos um metrosidero e eliminam os canteiros para plantas que ainda sobreviviam.
Transformam o que devia ser um espaço de lazer e de convívio num “moderno” parque de estacionamento.
O coração da Vila de Rabo de Peixe ficou, assim, dotado de dois centros de culto. À igreja já existente, foi adicionado um templo de adoração ao sacrossanto automóvel.
Há muitos anos acreditava-se que a natureza tinha horror ao vácuo. Hoje, não restam dúvidas, a Câmara Municipal da Ribeira Grande e/ou todos os envolvidos na obra, têm horror à árvore e às flores.
Por quanto tempo vão resistir os plátanos que ainda lá ficaram?
Algumas vozes de protesto fazem-se ouvir. Tarde demais?




(Fotos do Largo antes das recentes obras)

(Texto: TB; Fotos: CT, JC e LV)

quinta-feira, 19 de março de 2009

Tortura não é Cultura - Posição dos Amigos dos Açores



Em 1998 foi apresentada, em Plenário do Governo Regional dos Açores, uma proposta legislativa através da qual se pretendia que nos Açores fossem introduzidas touradas de morte. Na altura, os Amigos dos Açores – Associação Ecológica organizaram uma campanha internacional que culminou com a apresentação de uma petição ao Parlamento Europeu.

A intenção não avançou, tendo o Presidente do Governo Regional dos Açores comunicado ao Director do Eurogroup for Animal Welfare que a legislação não avançaria devido às “reacções negativas da opinião pública”.

A 21 de Outubro de 1995, na ilha Terceira, realizou-se uma tourada à espanhola numa quinta particular, onde foram toureados e mortos dois touros. Na ocasião, tal acto foi contestado por várias pessoas singulares e colectivas, como os Amigos dos Açores – Associação Ecológica, algumas sociedades protectoras de animais e pelo Partido “Os Verdes”, na Assembleia da República.

A 18 de Outubro de 2002, a sorte de varas viria a ser aprovada na Assembleia Regional dos Açores por larga maioria multipartidária. Esta legislação viria a ser entretanto “chumbada” pelo Ministro da República, já que não se revestia de interesse específico regional, de acordo com o Estatuto Político-Administrativo vigente. Nessa altura, os Amigos dos Açores – Associação Ecológica manifestaram-se contra aquele tipo de touradas já que, para além da barbaridade e da violência que promovem, nada têm a ver com a tradição regional.

Com a aprovação do novo Estatuto Político-Administrativo dos Açores, em 2009, os “espectáculos e os divertimentos públicos na Região, incluindo touradas e tradições tauromáquicas nas suas diversas manifestações” são considerados “matérias de cultura e comunicação social”, as quais compete à Assembleia Legislativa Regional dos Açores legislar (Artigo 63º da Lei n.º 2/2009, de 12 de Janeiro).

Começam-se a sentir pressões de adeptos destas práticas de tortura animal para que se legisle no sentido da regulamentação da sorte de varas e touros de morte.
Mais uma vez, os Amigos dos Açores – Associação Ecológica não podem deixar de cumprir uma tradição que é a de estar na linha da frente desta luta pelos direitos dos animais.

Fonte: Página web dos Amigos dos Açores

Nota- Aguardam-se as tomada de posição (ou os silêncios) das outras associações "ambientalistas" açorianas: Montanheiros, Gê-Questa, Quercus (São Miguel e Terceira), Azórica, A Mata, Amigos do Calhau, Amigos da Caldeira do Santo Cristo, Amigos da Fajã dos Vimes, etc., etc..

O Aterro Sanitário da Praia das Milícias



A praia das Milícias, situada na freguesia de São Roque, concelho de Ponta Delgada, é uma das praias mais frequentadas da ilha de São Miguel, devido à sua proximidade com o centro da cidade, mas também pela atracção que a sua beleza natural exalta.

Apesar das características que atrás referi, a praia das Milícias é diáriamente atingida por diversos tipos de poluição. O parque de estacionamento, em frente ao Edifício Pópulo, possui diversas estruturas de depósito de lixo para os estabelecimentos comerciais presentes e público em geral, um Ecoponto e uma fossa de grandes dimensões. Pois, são estas mesmas estruturas que, constantemente estão a enviar resíduos líquidos para o chão do parque, e posteriormente para o areal.
O grande problema do parque é o escoamento das águas. Todas as águas escoam para um esgoto que está direccionado para o centro da praia. Quando chove, é perfeitamente visível, a marca que as águas oriundas do parque fazem no areal.



Começando pelo que eu acho mais grave e inadmissível nos tempos de hoje é a transferência dos resíduos da fossa para os camiões ou tractores dos serviços municipalizados. Quando os silos dos camiões estão cheios, os funcionários procedem ao desencaixe da mangueira que liga à fossa e todas as vezes é derramado no chão do parque alguma quantidade, que juntando a todas as vezes que vazam a fossa (quase todas as semanas), faz com que a quantidade depositada de resíduos oriundo da fossa seja alarmante. O chão junto à boca de mangueira da fossa tem uma camada que cobre a superfície de alcatrão do chão, e claro, quando chove, estes resíduos são escoados para o areal. Esta prática pode ser presenciada por qualquer pessoa, principalmente ao sábado de manhã, além de que existe uma fuga numa das tampas do tanque da fossa da parte superior do parque, em que quando este está cheio, verte grandes quantidades. Também é possível ver a marca fresca no chão e na tampa com marcas de corrosão dos líquidos.

A segunda agressão ambiental é a sequência de contentores que servem de apoio aos estabelecimentos comerciais e ao público em geral. Estes, estão constantemente cheios, logo é depositado imenso lixo no chão à volta dos contentores, consequentemente é vertido grandes quantidades de líquidos para o chão do parque, sendo também visível uma camada que começa nos contentores.



O Ecoponto situado no extremo do parque enfrenta dois problemas. Não é suficiente para o número de utilizadores das redondezas, sendo muito frequente o contentores estarem cheios, com muitos resíduos à volta, e está situado mesmo ao lado do areal, onde muitas vezes os resíduos que estão fora dos contentores são movimentados pelo vento directamente para o areal.


Todos os resíduos líquidos que atrás referi, juntando os restos dos óleos e combustíveis oriundos dos automóveis, vão escoar para o areal. É impossível não pensar que estas zonas do areal da praia estão contaminadas e que vão ou estão trazendo consequências negativas na saúde de quem a usufrui.

M. Fontes

quarta-feira, 18 de março de 2009

Quercus Nacional de Parabéns e Quercus de São Miguel sem Direcção?



As normas que definem a incompatibilidade entre o exercício de funções dirigentes com as de cargos políticos publicada recentemente no jornal "Quercus Ambiente" são merecedoras da nossa concordância e quanto a nós até deveriam abranger outros casos.

De qualquer modo, são positivas e exemplo para outras associações quer nacionais quer regionais, quer locais (ou mesmo sem âmbito).

Só não são originais porque já conhecemos algumas normas cosntantes do Regulamento Interno dos Amigos dos Açores.

O que acontecerá à recém eleita direcção do Núcleo de São Miguel da Quercus?

domingo, 15 de março de 2009

Política e touradas



A recente campanha contra a introdução da sorte de varas e de touradas de morte nos Açores, iniciativa do Blogue Terra Livre/CAES - Colectivo Açoriano de Ecologia Social e que contou, até ao momento, com a adesão de duas das principais associações açorianas, a Associação de Amigos dos Animais da Ilha Terceira e os Amigos dos Açores - Associação Ecológica, e do CADEP, de Santa Maria, tem constituído, para nós, uma surpresa. Surpresa pelo facto de ser um tema que tem unido pessoas de diferentes orientações politico - partidárias e de diferentes organizações de várias ilhas dos Açores, tanto junto dos defensores do bem- estar animal como dos partidários da introdução das práticas bárbaras e não tradicionais que são as touradas picadas e os touros de morte.
Quer através dos depoimentos recebidos por correio electrónico que dos que têm sido publicados na comunicação social constata-se que curiosamente são os terceirenses os que mais veementemente se opõem ao desrespeito da tradição e à introdução de práticas mais bárbaras, havendo alguns que inclusive se opõem a todo o tipo de touradas.
Contra as corridas picadas também se manifestam os aficionados e amantes da corrida à portuguesa que afirmam que a sorte de varas é o prazer de meia dúzia de pseudo - aficionados.
Curiosa ou talvez não é a união de alguns conservadores da ala direita e da ala esquerda do espectro político que, por minguarem-lhes os argumentos, consideram que a campanha é obra dos imperialistas micaelenses que querem acabar com a cultura do povo da Terceira.
Embora não sejamos adeptos de qualquer tipo de tourada, achamos que as touradas à corda valem pelo convívio que proporcionam enquanto consideramos imoral a venda, como espectáculo, da tortura infligida ao touro que são as touradas de praça. Assim, achamos que, não só pelos animais, mas também, pelo risco de vida que correm os próprios homens deveriam ser repensadas as primeiras e abolidas as segundas. Felizmente, nesta luta não estamos sós. Basta lermos João Ilhéu que fala na evolução que sofreram as touradas à corda ao longo dos tempos e outro ilustre, mas pouco conhecido, terceirense que foi o libertário Adriano Botelho que afirmou: ”fazem-se por outro lado, reclames entusiastas de espectáculos, como as touradas de praça onde por simples prazer se martirizam animais e onde os jorros de sangue quente, os urros de raiva e dor e os estertores da agonia só podem servir para perverter cada vez mais aqueles que se deleitam como aparato dessa luta bruta e violenta, sem qualquer razão que a justifique”.
A recente investida dos monjardinos e outros foi precedida da tentativa de “exportar” para outras ilhas touradas à corda, de que são exemplo algumas touradas realizadas em São Miguel, sob o comando do forcado da cara Joaquim Pires, tendo por rabejador o presidente da Câmara Municipal da Lagoa, João Ponte (ver video abaixo).
Em abono da verdade, ambas as investidas, têm em comum o facto de tentar impor o que nem é tradição e tentar expandir um negócio que não estará a correr bem ou que se insere na lógica capitalista de crescer a todo o custo, desrespeitando animais e pessoas.
O silêncio dos deputados, sobretudo os do chamado arco governamental, é sintomático de que nos Açores poderemos assistir em breve a um “retrocesso civilizacional” se não continuarmos a campanha de sensibilização para a necessidade de promover uma educação, cultura e legislação que garantam os direitos dos animais.
Vamos desertar do medo e reforçar a luta pela alteração do modelo actual de produção e consumo que é responsável pela violação dos direitos humanos e ambientais da maior parte da humanidade, sendo também responsável pelo sofrimento infligido aos animais.

TB

sábado, 14 de março de 2009

Consumo... Logo Existo

quinta-feira, 12 de março de 2009

Não às Corridas Picadas e aos Touros de Morte

Caros amigos,

Por favor, enviem a mensagem sugerida abaixo – ou escrevam a sua própria mensagem, se preferirem – para as autoridades governamentais, legislativas e de turismo de Portugal e dos Açores, pedindo aos dirigentes destes organismos que mantenham as sortes de varas e as touradas de morte ilegais nos Açores. Os Açores e Portugal, como um todo, devem dar apenas passos no sentido de aumentar e modernizar a protecção dos animais, nomeadamente banindo as touradas, e não legalizar ainda mais actividades de violência contra animais.

Cumprimentos

Teófilo Braga

Por favor enviem as suas mensagens para: pm@pm.gov.pt; gmei@mei.gov.pt; seturismo@mei.gov.pt; info@turismodeportugal.pt; presidencia@azores.gov.pt; sre@azores.gov.pt; acoresturismo@mail.telepac.pt; geral@alra.pt; pres@alra.pt; gppsterceira@alra.pt; gppsgflores@alra.pt; gppspico@alra.pt; gppssjorge@alra.pt; gppsgraciosa@alra.pt; gppsfaial@alra.pt; gppssmiguel@alra.pt; gppssmaria@alra.pt; gppsdfaial@alra.pt; gppsdsmiguel@alra.pt; gppsdterceira@alra.pt; gppsdsmaria@alra.pt; gppsdgraciosa@alra.pt; gppsdsjorge@alra.pt; gppsdpico@alra.pt; gppsdgflores@alra.pt; gpcdsppfaial@alra.pt; gpcdsppsmiguel@alra.pt; gpcdsppterceira@alra.pt; gpcdsppsjorge@alra.pt; gpcdsppflores@alra.pt; gpbefaial@alra.pt; gpbesmiguel@alra.pt; gpbeterceira@alra.pt; rppcpfaial@alra.pt; rppcpsmiguel@alra.pt; rpppmfaial@alra.pt; rpppmcorvo@alra.pt; Com Conhecimento (Cc) a: campanhas@animal.org.pt; terralivreacores@gmail.com

Exm.º Senhor Primeiro Ministro
Exm.º Senhor Ministro da Economia
Exm.º Senhor Secretário de Estado do Turismo
Exm.º Senhor Presidente do Governo Regional dos Açores
Exm.º Senhor Secretário Regional da Economia dos Açores
Exm.º Senhor Presidente da Assembleia Legislativa da Região dos Açores
Exm.os Senhores Presidentes dos Grupos Parlamentares na Assembleia Legislativa da Região dos Açores
Exm.º Senhor Presidente do Instituto do Turismo de Portugal
Exm.º Senhor Director Regional de Turismo dos Açores

Excelências,

Soube que, depois da aprovação do novo Estatuto Político-Administrativo dos Açores, a Assembleia Legislativa Regional dos Açores poderá ter agora poder e liberdade constitucionais para legalizar as sortes de varas e as touradas de morte nesta região, onde há muito tempo alguns agentes tauromáquicos locais defendem que este passo seja dado – ainda que a maioria dos açorianos (e, obviamente, a maioria dos residentes no continente) não queira que tal aconteça.

É neste sentido que venho pedir a V. Ex.as que tomem todas as medidas necessárias e adequadas para que um tal retrocesso legislativo e político, moral e civilizacional não se registe.

Enquanto é certo que os Açores só poderão ganhar, em termos promocionais e turísticos, com qualquer medida que faça com que os animais sejam mais respeitados e melhor protegidos nesta região, não é menos verdade que, se uma tal medida, como esta que os defensores das touradas tanto advogam, fosse tomada, a região dos Açores ficaria com a sua imagem severamente manchada, tanto junto de turistas nacionais quanto de turistas estrangeiros, perdendo uma enorme quantidade de visitantes que deixaria de querer visitar uma região onde algo de tão cruel e obscuro viesse a ser permitido, quando actualmente é proibido.

Peço, pois, a V. Ex.as que não permitam que um tal retrocesso aconteça em circunstância alguma, antes tomando medidas no sentido de promover uma maior protecção dos animais na região dos Açores, ao invés de permitirem que haja uma ainda mais extrema forma de tortura destes.

Agradecendo antecipadamente a atenção de V. Ex.as e ficando na expectativa de uma resposta a esta mensagem, que espero que seja positiva,

Com os meus melhores cumprimentos,
[Indique o SEU NOME AQUI]
[Indique a SUA CIDADE AQUI]
[Indique o SEU ENDEREÇO DE E-MAIL AQUI]

quarta-feira, 11 de março de 2009

Wir sagen Nein zur Quälerei und zum Abschlachten vom Stieren auf den Azoren!

Nach mehreren erfolglosen Versuchen, Stierkämpfe auf der Insel Terceira durchzuführen, konnte man in den letzten Jahren beobachten, wie mit großer Unterstützung der azorischen Autonomieregierung die Einführung von Stierrennen mit dem Seil (wie auf der Insel Terceira) auf Inseln propagiert wurde, auf denen keinerlei Tradition dieser Praktik besteht, wie zum Beispiel auf São Miguel und Santa Maria.

Die momentane Revision des politischen Statutes der Azoren von 2004 wird dazu genutzt, um eine Legalisierung des gegebenenfalls auch tötlich endenen Stierkampfes vorzubereiten. Um das zu verhindern, hat sich eine Gruppe von Bürgerinnen und Bürgern entschlossen, für die Rechte der Tiere zu kämpfen.

Unter Berücksichtigung, dass kein Tier zu Unterhaltunszwecken des Menschen gequält werden darf und dass ein Akt, der einzig auf die Tötung eines Tieres ausgelegt ist, ohne dass dies notwenig ist, als Mord, das heisst als Verbrechen gegen das Leben betrachtet wird (gemäß Universelle Erklärung der Tierrechte, Artikel 11), müssen Tierschutzrechte, genauso wie die Menschrechte (Artikel 14) per Gesetz festgeschrieben werden, weil wir daran glauben, dass die kulturelle Entwicklung sich über Tradition und Ignoranz hinwegsetzt. Deshalb erklären wir hiermit unsere tiefe Abneigung gegenüber dem oben erwähnten Bestreben und apellieren dafür, dass:

1- Stierrennen mit dem Seil auf den Inseln auf denen keine Tradition dieser Praktik besteht weder gefördert noch mit öffentlichen Geldern unterstützt werden;

2- Stierkämpfe mit und ohne tötlichem Ende nicht legalisiert werden, weil sie der azorianischen Kultur fremd sind;

3- eine regionale Gesetzgebung zum Schutz der Rechte der Tiere verabschiedet wird, die sich an den Vorschriften den europäischen Gesetzen und der Universellen Erklärung der Tierrechte orientiert, die am 15. Oktober 1978 verabschiedet von der UNESCO proklamiert wurde.

Wenn Sie diese Petition unterstützen möchten, unterschreiben Sie bitte mit ihrem Namen, ihrem Beruf und Herkunftsort und schicken sie an folgende Adresse: terralivreacores@gmail.com
Wenn Sie noch weitere Unterschriften sammeln können, würden wir uns sehr freuen.

Wir hoffen dass auf diese Weise das unnötige Leiden hilfloser Tiere ein Ende hat.

Wenn Sie möchten, posten Sie diese Nachricht auf ihrem Blog oder Ihrer Homepage.

terça-feira, 10 de março de 2009

MOVIMENTO INTERNACIONAL ANTI-TOURADAS




INTERNATIONAL MOVEMENT AGAINST BULLFIGHTS
MOVIMENTO INTERNACIONAL ANTI-TOURADAS
MOVIMIENTO INTERNACIONAL ANTITAURINO
MOUVEMENT INTERNATIONAL ANTI CORRIDAS
www.iwab.org
IMAB@iwab.org

URGENTE - PETICIÓN CONTRA LA INTRODUCCIÓN DE PICADORES Y TOROS DE MUERTE- AÇORES, PORTUGAL

Amig(a)os,

La suerte de varas o corridas con picadores está prohíbida por legislación nacional en Portugal.

Pero, después de una revisión en el estatuto autonómico de las Islas de Açores el parlamento de Açores puede ahora legislar sus propias leyes.

Así no solamente pueden introducir la suerte de varas como también los toros de muerte, o sea las corridas españolas.

La Asociación Terra Livre Açores esta colectando firmas en contra la introducción de corridas a española en los Açores.

Por favor apoyen esta petición no podemos permitir la introducción de picadores y toros de muerte en Açores.

Basta enviar uno email para terralivreacores@gmail.com con el nombre de vuestro colectivo, ciudad y país.

Gracias.

Por los Animales
Maria Lopes
Coordinadora
International Movement Against Bullfights
www.iwab.org

segunda-feira, 9 de março de 2009

ROLHA


Ontem (salvo erro) o telejornal da RTP/Açores noticiou que o Director da Ecoteca de São Jorge não foi autorizado a reunir com um deputado da Assembleia Legislativa Regional. A propósito de silêncio, deixamos aqui duas questões:

1- Terá sido por ser Aníbel Píres do PCP ou é a nova política do Governo Socialista?

2- A SRAM não tem direcções regionais ou está em vigor a Lei da Rolha?

3- Ainda não ouvimos a nova direcção da Quercus, fez votos de silêncio?

TB

domingo, 8 de março de 2009

No to the stabbing and slaughtering of bulls in the Azores Islands



At a time when some people taking advantage of a change in the 2004 constitution concerning the Political Statute of the Azores are preparing to persuade the Azores Legislative Assembly to legalize stabbing and slaughtering the bulls a group of citizens have decided to fight to defend animal rights including these bullfights which are part of the problem.
Considering that it is unacceptable for any animal to be tortured for human entertainment. Considering that any act that includes the needless death of any animal is biocide or a crime against life (Article II of the Universal Declaration of Animal Rights). Considering that animal rights should be defended by law, just as Human Rights ( Article 14) and as we believe that cultural evolution will replace tradition and ignorance we wish to show our total disagreement with this intention and so appeal that:
1- That street rope bullfights should not be approved nor supported by public funds on islands where they are not traditional.
2- That stabbing and slaughtering bulls, not being part of our tradition or culture should not be legalized in The Autonomous Region of the Azores.
3- That regional legislation for the protection of animals should be approved, considering the European Legislation and the Universal Declaration of Animal Rights that was proclaimed on the 15 th of October, 1978 and approved by Unesco.

Dear friends,

If you agree with the above statement, please send us a mail saying so and stating your profession or the organization you belong to, as well as your country of residence. We would be most grateful if you could also pass on our appeal.

We thank you and hope you will do this to avoid the unnecessary suffering of defenceless animals

Blog Terra Livre (terralivreacores@gmail.com)

quinta-feira, 5 de março de 2009

Fajã do Calhau



Como sei que hoje o Veríssimo não estaria calado (e a Quercus não tem dado sinal de vida), aqui vão as suas palavras: A estrada para a Fajã do Calhau é exemplo "do mais estúpido, aberrante, insustentável, sem objectivos, com piores práticas e um dos mais despesistas atentados ambientais existentes em S. Miguel" (Revista Venha Ver, nº 14, Abril de 2008).

Estou convencido que o relatório da Comissão da Assembleia Regional vai concluir que esta obra era imprescindível, que a estrada está a seguir o único trajecto possível, traçado a régua e esquadro, que está a ser feita respeitando todas as normas da engenharia cívil (e militar)e com o benemérito objectivo de dar cabo das infestantes e em prol da agricultura e florestas locais.

Além disso, para bem da nossa democracia representativa, foi dispensado o projecto, não foram incomodadas as entidades locais para dar parecer (junta de freguesia e câmara municipal)e ignorada a população local.

Em suma, em período de globalização, o que é preciso é avançar a todo o custo e fé em Deus e nos anjos.

TB

segunda-feira, 2 de março de 2009

Abaixo-assinado contra touros de morte nos Açores



Em nome da defesa dos animais, está a decorrer nos Açores uma petição contra a introdução de corridas picadas e touros de morte.
O documento que suporta o abaixo-assinado e a que o nosso jornal teve acesso, refere que “numa altura que as vozes de sempre aproveitando a revisão constitucional de 2004 e o novo Estatuto Político dos Açores, se preparam para fazer aprovar, na Assembleia Legislativa Regional, legislação que legalize a sorte de varas e depois os touros de morte, um grupo de cidadãos e cidadãs decidiu começar a luta em defesa dos direitos dos animais de que as touradas são uma parte do problema”.
Considerando que não é aceitável que “nenhum animal seja torturado para entretenimento do ser humano”, apela-se a cidadãos e organizações para que subscrevam a petição.
Isto, lê-se, considerando que todo o acto que implique “a morte de um animal, sem necessidade, é um biocídio, ou seja, um crime contra a vida (Artigo 11º da Declaração Universal dos Direitos dos Animais).
Os subscritores - entre os quais se encontram Teófilo Braga, Zuraida Soares , Aníbal Pires e Mário Furtado - acreditam que a “evolução cultural irá sobrepor-se à tradição e à ignorância”, pelo que manifestam a sua profunda discordância com a pretensão tornada pública apelam para que “ não venham a ser legalizadas as corridas picadas e os touros de morte, por serem alheias à nossa cultura”.
Apelam ainda para que seja “aprovada legislação regional de protecção dos animais que tenha em consideração o disposto na legislação europeia e na Declaração Universal dos Direitos dos Animais que foi proclamada em 15 de Outubro de 1978 e aprovada pela Unesco”. O documento defende ainda que “não sejam promovidas nem apoiadas, com recurso a dinheiros públicos, touradas à corda, nas ilhas onde tal prática não é tradição”. De resto, criticam o que consideram uma imposição das touradas à corda em ilhas onde não há qualquer tradição, como Santa Maria ou São Miguel, “com a conivência ou apoio governamental ou autárquico”. Os promotores da iniciativa de que é primeiro subscritor Aíridas Dapkevicius, investigador-bolseiro, apelam ao envio de um mail para terralivreacores@gmail.com, apoiando o documento.
Recorde-se que o investigador e jurista açoriano Álvaro Monjardino disse em Janeiro último que “não existe nenhum obstáculo para que a Assembleia Legislativa Regional possa criar legislação que autorize as touradas picadas e, no limite, as touradas de morte”. Na conferência inaugural do Fórum Mundial da Cultura Taurina, em Angra do Heroísmo, Álvaro Monjardino considerou que o “obstáculo às touradas picadas”, invocado “de forma especiosa e forçada” pelo Tribunal Constitucional, já desapareceu da lei.

Olímpia Granada, Açoriano Oriental, 2 de Março de 2009

Nota- Depois das 50 assinaturas iniciais, até ao momento já foram recolhidas mais de 100 assinaturas, entre as quais de algumas associações.