segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Energia Eólica: não há bela sem senão?


Síndrome da turbina eólica

por Nina Pierpont

As turbinas eólicas majestosamente domam o vento — que maravilha da engenharia humana! Ficar debaixo de uma é de cortar a respiração. Viver próximo de uma pode ser o inferno na terra. Incontáveis pessoas disseram-me isso, pessoas que subitamente ficaram muito mal devido ao subtil mas devastador infra-som perfurante gerado por estes gigantes da energia "limpa, verde e renovável".

A explicação pode estar enfiada no ouvido interno num agregado de minúsculos órgãos interconectados com um notável historial evolutivo. Os órgãos vestibulares — os canais semi-circular, sáculo e utrículo — funcionam como giroscópio da Mãe Natureza, controlando nosso sentido de movimento, posição e equilíbrio, incluindo nosso pensamento espacial. (Recorda-se de quando em criança ficava enjoado num carro? Ou do enjoo do mar?)

Os humanos partilham estes órgãos enigmáticos com um conjunto de outras espécies vertebradas, incluindo os peixes e os anfíbios. Alguns cientistas vêem-nos realmente como uma espécie de chave-mestra pan-espécie para um extraordinariamente vasto conjunto de funções cerebrais — equivalendo a um sexto sentido.

Uma daquelas funções, verifica-se agora, é registar e responder aos sons e vibrações (infra-sons) que não ouvimos conscientemente, mas sentimos — como o das turbinas eólicas. Para muitas pessoas, a resposta é imediata e desastrosa.

Por vezes é vantajoso ser um médico rural. Seis anos atrás comecei a ouvir queixas quanto à saúde de pessoas que viviam na sombra destas turbinas gigantescas. A princípio era meramente local e regional, depois global. De forma reveladora, virtualmente todos descreviam a mesma constelação de sintomas. Sintomas que eram disparados, começo a suspeitar, pela desregulação do vestibular.

(1) Perturbação do sono. Não simplesmente despertar, mas despertar em pânico (reacção "fuja ou combata").
(2) Dor de cabeça.
(3) Zumbido.
(4) Pressão no ouvido.
(5) Estonteamento.
(6) Vertigem.
(7) Náusea.
(8) Turvamento visual.
(9) Taquicardia.
(10) Irritabilidade.
(11) Problemas com concentração e memória.
(12) Episódios de pânico associados com sensações de pulsação interna ou vibração, os quais aumentam ao acordar ou adormecer. (Esta última envolvendo outra, órgãos não-vestibulares de equilíbrio, movimento e sentido de posição).

Nenhuma destas pessoas experimentara estes sintomas em qualquer grau apreciável antes de as turbinas ficarem operacionais. Todas disseram que os seus sintomas desapareciam rapidamente sempre que passavam vários dias longe de casa. Todas disseram que os sintomas reapareciam quando retornavam à casa.

Muitas haviam apoiado o projecto do parque eólico antes de tudo isto acontecer. Agora, algumas ficaram tão mal que abandonaram literalmente as suas casas — trancaram a porta e foram embora.

Aproveitando a pista de um médico rural britânico que relatou idênticos sintomas da "turbina de vento" entre os seus pacientes, fiz o que alguns clínicos chamam de "séries de casos". Entrevistei 10 famílias (38 pessoas) tanto daqui como de foram, as quais haviam ou deixado suas casas ou estavam prestes a deixá-las. Descobri uma correlação estatisticamente significativa entre sintomas relatados e pré-existentes sensibilidade ao movimento, lesão do ouvido interno e perturbação de enxaqueca. Cada uma é um factor de risco para o que agora baptizei Síndroma da Turbina Eólica. Meus dados sugerem, além disto, que crianças pequenas e adultos com mais de 50 anos também estão em risco substancial.

A reacção de clínicos do ouvido, nariz e garganta (otolaringologistas e neuro-otologistas) foi imediata e encorajadora. Um deles foi o Dr. F. Owen Black, um neuro-otologista altamente considerado que aconselha a US Navy e a NASA sobre desregulação vestibular.

Outro foi o Dr. Alec Salt da Washington University School of Medicine, o qual recentemente publicou um estudo revisto (peer-reviewed) financiado pelo NIH [1] demonstrando que a cóclea (a qual liga-se aos órgãos vestibulares) responde ao infra-som sem registá-lo como som. O infra-som, de facto, aumenta a pressão interna tanto da cóclea como dos órgãos vestibulares, distorcendo tanto o equilíbrio como a audição.

Salt portanto destrói efectivamente o dogma de que "o que você não pode ouvir, não pode prejudicá-lo". Isto pode na verdade prejudicá-lo. O alvoroço crescente entre vizinhos de turbinas eólicas testemunha esta verdade inconveniente.

Meu papel está acabado. Minha sala de espera está cheia. É tempo de os governos estudarem este flagelo gerado pelo vento cuja cura é simples. Um afastamento de 2 km (maior em terreno montanhoso) repara-o. Os exploradores do vento, não inesperadamente, recusam-se a reconhecer o problema. Eles ridicularizam-no como histeria e NMQismo ("Não no meu quintal!") — e recusam-se a instalar suas máquinas a 2 km de distância das casas.

"É difícil conseguir que um homem entenda algo quando o seu salário depende do seu não entendimento dela", sugeriu Upton Sinclair. Talvez seja. Nesse caso, espero mais casas vazias e sofrimento (facilmente evitável). [1] NIH: National Institutes of Health, agência do Departamento da Saúde dos EUA responsável por investigação biomédica.

[*] Nina Pierpont, MD, PhD, é pediatra e autora de " Wind Turbine Syndrome: A Report on a Natural Experiment " (2009). Foi a oradora principal no simpósio internacional em Picton, Ontario, " The Global Wind Industry and Adverse Health Effects: Loss of Social Justice? "

O original encontra-se em http://www.counterpunch.org/pierpont10292010.html

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/

Nota - Seria de todo o interesse que fosse esclarecida a razão do Parque Eólico do Faial ter horário de funcionário público, com todo o respeito para com os funcionários públicos. Quem foi o/a responsável pela sua inadequada localização?

Entre nós, a energia eólica tanto dá passos em frente como recua, tanto é boa, para os Administradores da Eda, como é má.

Não se percebe o entusiasmo de alguns ambientalistas pelo uso das renováveis, quando a estrutura da produção mantém-se a mesma, isto é, nas mãos do "monopólio" público-privado chamado EDA.
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