quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Investigador diz ser “praticamente impossível” erradicar térmitas


A erradicação das térmitas nos Açores é "praticamente impossível" nos locais mais afectados, mas o seu impacto pode ser diminuído, defendeu segunda-feira Paulo Borges, investigador da Universidade dos Açores.

"Em Angra do Heroísmo (Terceira) e em Ponta Delgada (S. Miguel) será impossível erradicar, restando diminuir o seu impacto ao longo das próximas décadas", afirmou o investigador, em declarações à Lusa, à margem de um colóquio sobre a situação desta praga no arquipélago.

No processo de avaliação da situação das térmitas nos Açores estão envolvidos três investigadores universitários e quatro bolseiros, que desenvolvem trabalhos em cinco ilhas do arquipélago.

Por estudar estão as ilhas de Pico, Graciosa, Flores e Corvo, cujos trabalhos poderão iniciar-se este ano.

Em Ponta Delgada, foi feito pela primeira vez o mapeamento das térmitas na cidade, que "afectam bastante a zona histórica", existindo locais onde poderá ser necessária a substituição integral das estruturas construídas.

No próximo verão será realizada uma segunda amostragem nas ilhas em estudo, com a colocação de armadilhas dentro das habitações.

Paulo Borges manifestou-se convencido de que, além de uma diminuição da praga na Terceira e em S. Miguel, "ela também é possível na cidade da Horta (Faial)", assim como a "erradicação no concelho da Calheta (S. Jorge).

"Em Santa Maria, não possuímos uma ideia concreta porque os casos localizados estão dispersos pelas freguesias, tanto a norte como a sul", salientou o investigador.

Os resultados foram apresentados com base nos trabalhos de campo realizados no último ano no quadro do projecto TERMODISP, financiado pela Direcção Regional de Ciência e Tecnologia.

Um outro projeto de colaboração entre a Universidade dos Açores, o governo regional e a câmara de Angra do Heroísmo testou duas técnicas inovadoras de combate às térmitas, que se mostraram eficazes através de vapores com temperaturas elevadas.

Em Angra do Heroísmo, os resultados de estudos desenvolvidos em 2004, 2009 e 2010 demonstram que a zona mais afectada, "com danos de grande monta", é a da freguesia de S. Pedro.

Paulo Borges salientou, no entanto, que as térmitas "já se expandiram para as freguesias de Sé, Santa Luzia e Conceição, todas no centro histórico classificado como Património Mundial, e S. Bento, na periferia da cidade".

No início de Dezembro, o executivo regional anunciou a primeira delimitação de áreas potencialmente infestadas por térmitas, abrangendo as ilhas Terceira, Faial, S. Miguel, Santa Maria e S. Jorge.

As térmitas são uma espécie que se alimenta das madeiras, corroendo completamente as estruturas das habitações.

19 de Janeiro de 2011

Fonte: Diário dos Açores

Para saber mais: http://sostermitas.angra.uac.pt/