terça-feira, 15 de março de 2011

NUCLEAR EM PORTUGAL? NÃO, MAIS DO QUE NUNCA


A propósito do acidente nuclear de Fukushima, no Japão

À enorme tragédia que já era o sismo e tsunami ocorrido há poucos
dias no Japão, veio somar-se a perigosa situação desencadeada na
central nuclear de Fukushima, ao norte de Tóquio (e, em menor escala,
noutras centrais). Todos desejamos que os danos sejam o mais possível
controlados e contidos. Infelizmente, a situação parece estar a
agravar-se. Seja como for, este é já o acidente nuclear mais grave
desde a explosão de 1986 em Chernobil (Ucrânia).

Nos últimos anos, é recorrente em Portugal, por parte de
um lóbi bem organizado e com interesses ligados à poderosa indústria
nuclear francesa, a tentativa de investir de uma pretensa
respeitabilidade a produção de energia em centrais nucleares,
tentando assim fazer passar por actual uma tecnologia já várias vezes
rejeitada com clareza pelo País.

A Campo Aberto, inserindo-se na tradição inequívoca (que
remonta aos anos 1970) do movimento ecológico universal e do
movimento ecológico e ambiental português, tem desde a sua fundação
em 2000 tomado posição clara ao lado do movimento antinuclear e a
favor das energias verdadeiramente alternativas e de baixo impacto.
Em 2006, a Campo Aberto teve mesmo um papel muito activo na
comemoração dos 30 anos da recusa, pelo povo de Ferrel (Peniche), da
suposta primeira central nuclear portuguesa. Que, felizmente, nunca
saiu do papel – e que nunca de lá deverá sair.

Uma das falsidades que nos têm querido impingir é a
suposta segurança das centrais nucleares. O acidente de Fukushima é
apenas mais um indício, dos numerosos existentes, de que se trata tão
só de uma falsidade. Se, em regiões sísmicas como as do Japão (ou o
sul de Portugal?) é mais evidente a loucura de recorrer a centrais
nucleares, elas comportaram desde sempre, e continuam a comportar,
seja qual for a região onde se instalem, riscos intoleráveis das mais
diversas ordens.

Embora haja diferenças, inclusive em matéria de
segurança, entre as sucessivas gerações de reactores, trata-se de uma
tecnologia, como todas, falível. Só que nenhuma outra, em caso de
falha grave, sempre possível, comporta consequências de tal magnitude
e escala. Sair do nuclear, reclama-se em voz bem alta em França, em
Espanha e na Alemanha. Nem sequer entrar nele em Portugal, é a única
atitude à altura do perigo em causa.

Em 26 de Abril próximo terão decorrido 25 anos sobre o
acidente de Chernobil. Decorrem também este ano, a 15 de Março, 35
anos sobre a rejeição do nuclear pela aldeia portuguesa de Ferrel.
Momento oportuno para repetir: Nuclear em Portugal? Não, mais do que
nunca.

Campo Aberto - associação de defesa do ambiente
www.campoaberto.pt