terça-feira, 20 de setembro de 2011

A incineração é segura, o nuclear também.




Eles dizem que o processo é seguro, o mesmo dizem os defensores da energia nuclear e os resultados estão à vista em Chernobil e em Fukushima.

Para eles as máquinas não falham e os homens são sobrenaturais.

Vamos fazer com que a petição seja discutida em plenário na Assembleia Legislativa Regional dos Açores. São precisas mais assinaturas, assine aqui:

http://amigosdosacores.pt/incineracao-nao/

Teófilo Braga

NÃO NOS LIXEM NÚMERO 6 - JUNHO 1996




A INCINERAÇÃO E A SAÚDE
As incineradoras libertam para a atmosfera toda uma série de compostos químicos, produto da combustão incompleta, tal como informou a Agência de Protecção Ambiental dos E.U.A (E.P.A.) como as dioxinas, furanos, benzeno, tetracloroetileno, fosgeno, etc... e metais pesados em forma gasosa: chumbo, cádmio, mercúrio, crómio e arsénico, com efeitos importantes todos eles para a saúde.
Além disso, como resíduos da incineração produzem-se escórias, igualmente ricas em dioxinas e metais pesados, que vão requerer um tratamento especifico como resíduos tóxicos e perigosos para a saúde que são.
A incineração de resíduos sólidos urbanos manifestou-se, em todos os países onde se pôs em marcha, como a principal fonte de contaminação por dioxinas do meio ambiente. As dioxinas são substâncias organocloradas com capacidade para afectar o sistema imunitário. Em cobaias comprovou-se o seu enorme poder cancerígeno, teratógeno e mutagénico.
O CANCRO E O MEIO AMBIENTE
Depois de numerosos estudos epidemiológicos a nível internacional chegou-se à conclusão de que 70 a 80% dos cancros que se observam na população vêem-se favorecidos por factores ambientais que afectam os indivíduos independentemente de que estes tenham predisposição genética ou não a tenham. Calcula-se que só 2% dos cancros são de origem exclusivamente genética e uns 20% desenvolvem-se na ausência de influências ambientais ou genéticas evidentes.
O resto entre uns 70 a 80% tem a ver com factores ambientais e estilos de vida, estando em relação com o ar que a população respira ou com a água que bebe, com o meio ambiente em que trabalha ou vive, com a sua dieta ou sua forma de vida ou com hábitos nocivos como fumar tabaco ou beber álcool em excesso.
Na actualidade a maior parte das investigações sobre as causas de cancro baseiam-se na hipótese de que "todos os cancros são de origem ambiental até que se demonstre o contrário".
O cancro tem uma etiologia multifactorial na maior parte dos casos.
Na sua origem podem-se encontrar muitas substâncias químicas de uso comum. Identificaram-se mais de 80.000 substâncias químicas diferentes de uso habitual, e todos os anos se incorporam no mercado várias centenas de novos produtos cujo uso acaba por tornar-se habitual, apesar de que em muitos casos os seus possíveis efeitos para a saúde, especialmente a longo prazo, não chegaram a ser suficientemente conhecidos.
O cancro geralmente manifesta-se muito diferido no tempo, aparecendo muitos anos depois da exposição à substancia cancerígena, o que dificulta seriamente o estabelecimento de uma relação causal. A isto junta-se o facto de que em muitos casos em que se produz uma exposição simultânea ou sequencial a vários carcerinógenos, os riscos de desenvolver cancro adicionam-se ou multiplicam-se, com um incremento da incidência de cancro de tipo sinérgico, como sucede com o cancro bronquial, quando se associa a inalação de asbesto (amianto) com o uso de tabaco, situação na qual a probabilidade de desenvolver um cancro se multiplica por oito.
AS DIOXINAS E A SAÚDE
Neste contexto devem valorizar-se as consequências para a saúde da instalação de uma incineradora.
As dioxinas libertam-se para o meio ambiente em diversos processos industriais, como a fabricação de papel quando se utiliza cloro para o seu branqueamento, na fabricação de policloreto de vínilo (PVC) e fundamentalmente na incineração de resíduos, na qual se queimam produtos clorados.
Estas substâncias organocloradas, as dioxinas, são aliás de alta persistência no meio ambiente, transferindo-se através da cadeia alimentar e chegando a acumular-se no organismo, especialmente nos tecidos gordos, donde se podem movimentar em períodos como a lactância, chegando assim a aparecer em concentrações importantes no leite materno.
CANCRO, DÉFICES IMUNITÁRIOS E DIOXINAS
Em relação à capacidade imunosupressora das dioxinas, uma equipe de investigadores da Universidade de Columbia (New York), Paul Brandt-Rauf e colaboradores, detectaram em sangue de doentes de SIDA níveis de dioxinas e dibenzofuranos mais altos que no resto da população, incluindo indivíduos seropositivos que não desenvolveram a doença. Especulou-se por isso com a possibilidade que actuem como cofactor no desenvolvimento da SIDA.
Além dos efeitos teratogénicos e mutagénicos já comprovados em animais, num recente estudo da E.P.A. (Agência para a Protecção do Meio Ambiente dos E.U.A.), dado a conhecer pela Organização ecologista Greenpeace, confirmou-se que os danos sobre o desenvolvimento fetal e o sistema imunitário são alguns dos riscos mais graves para a saúde derivados da exposição às dioxinas.
Neste estudo da E.P.A., levado a cabo durante três anos e que foi dado a conhecer em 1994 mediante uma fonte a que a Greenpeace teve acesso, a Agência para a Protecção do Meio Ambiente assegura que não há um nível de exposição seguro para as dioxinas e que qualquer dose, por mais baixa que seja, pode provocar danos à saúde, pelo que continuam a ser feitos apelos como o da Greenpeace à Organização Mundial de Saúde e aos governos de todo o mundo para que adoptem o "Nível Zero" de emissões de dioxinas, já que nenhum limite pode, à luz deste estudo, considerar-se "aceitável", sobretudo tendo em conta a alta persistência das dioxinas e a sua tendência para a acumulação no meio ambiente e no organismo humano.
Associação para a Defesa da Saúde Pública Biscaia (Pais Basco)

http://www.ieeta.pt/~mos/cnct/jornal/nnl6/art5.html